Redes sindicais do Itaú, Santander, HSBC e BBVA querem acordo global
09/12/2011 - Por Bancários CGR
Terminou na quarta-feira (7), em Santiago, no Chile, a 7ª Reunião Conjunta das Redes Sindicais do Itaú, Santander, HSBC e BBVA, com a definição das atividades que serão desenvolvidas no primeiro semestre de 2012 em cada um dos quatro bancos internacionais. O evento foi promovido pela UNI Américas Finanças e Comitê de Finanças da Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS).
Participaram 94 dirigentes sindicais de 10 países: Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Peru, México, Costa Rica e Espanha. A organização foi da Confederación de Sindicatos Bancarios y Afines (CSTEBA), do Chile.
"As reuniões das redes sindicais foram produtivas, avaliando a atuação de cada banco na América Latina e no mundo, ampliando e reforçando a luta por negociações para a assinatura de um acordo marco global, na perspectiva de garantir direitos básicos aos trabalhadores em todo planeta", avalia Ricardo Jacques, secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT e coordenador do Comitê de Finanças da CCSCS.
Este ano, os sindicalistas também participaram na terça-feira (6) de um seminário sobre o sistema financeiro internacional e aprovaram por aclamação uma declaração conjunta que foca a crise econômica e defende uma nova regulamentação dos bancos, com maior fiscalização dos governos, proteção aos empregos e participação ativa da sociedade.
Clique aqui para ler a íntegra da declaração conjunta sobre o sistema financeiro.
Veja os principais temas discutidos pelas redes sindicais do Itaú Unibanco, Santander e HSBC. O BBVA não atua mais no Brasil.
Itaú Unibanco
Os dirigentes sindicais do Itaú avaliaram a situação atual do Itaú, que é campeão de lucros entre os bancos brasileiros, mas continua desrespeitando os trabalhadores, sobretudo com demissões e fechamento de postos de trabalho no Brasil.
Eles apontaram pontos comuns, visando negociar com o banco para firmar um acordo marco global com o banco, destacando-se
- combater as demissões, bem como as metas abusivas, preservando a qualidade de vida e saúde de dos trabalhadores.
- definir uma política de contratações de funcionários que garante igualdade de oportunidades e assegura a inclusão de minorias, como as pessoas com deficiência física, os afrodescendentes e os indígenas;
- combater o assédio moral, a discriminação por gênero, a perseguição aos funcionários sindicalizados;
- lutar contra o trabalho precário e melhorar as condições de saúde e trabalho;
- combater as diferenças de remuneração já na admissão (salários, bônus, etc) que existem nos cargos diretivos e no conjunto dos funcionários, e participar nas discussões sobre participação nos lucros em todos os países;
- cobrar avaliações de desempenho que sejam justas, com participação e controle dos sindicatos, de forma a evitar discriminação no pagamento de prêmios e nas promoções internas.
Para tanto, foi aprovado o envio de carta à direção do Itaú, propondo a realização de negociações para o acordo marco global.
Santander
Os dirigentes sindicais fizeram um balanço das atividades deste ano, como os protestos na final da Copa Santander Libertadores e a Jornada Continental de Lutas. Eles destacaram a importância da América Latina, que participa com 45% do lucro mundial do banco espanhol. Os brasileiros ressaltaram que 25% são gerados no Brasil, mas o banco demite e cortou 1.636 vagas até setembro deste ano.
Os sindicalistas também ressaltaram a primeira reunião com o banco, ocorrida no dia 26 de outubro, na Cidade Financeira do Santander, na Espanha, onde foi entregue um documento, reforçando a proposta das entidades sindicais no Comitê de Empresa Europeu pela formação de uma coordenadora mundial e pela abertura negociações com a UNI Finanças para firmar um acordo marco global.
A decisão do banco de negociar importantes ativos na América Latina para capitalizar a matriz na Espanha foi vista com enorme preocupação pelos representantes dos trabalhadores. Na quarta-feira, o banco divulgou a venda de 95% do Santander Colômbia, após ter anunciado a venda de ações no Brasil e no Chile.
Após debates, foram definidas as atividades para o primeiro semestre de 2012, destacando-se:
- continuidade da utilização da mídia unificada da campanha "Santander, respeite os trabalhadores de cada país", aprovada em dezembro de 2010;
- efetuar atividades durante a realização da Copa Santander Libertadores da América de 2012, a exemplo da final entre Santos e Peñarol, no Estádio do Pacaembu, em 2011;
- enviar uma carta-resposta a Juan Gorostidi, diretor de Relações Laborais do Santander na Espanha, contestando a negativa do banco em relação as propostas apresentadas visando a formação de coordenadora mundial, a extensão da declaração sobre ventas responsáveis e metas realistas, firmada em outubro de 2011 com a direção do banco no âmbito do Comitê de Empresa Europeu, para a América Latina, assim como a negociação para um acordo marco global.
- em março de 2012, caso não haja resposta satisfatória e se for necessário, as entidades sindicais encaminharão essas propostas para José Luis Gómez Alciturri, diretor de Recursos Humanos de Grupo Santander.
- não havendo uma resposta satisfatória para as demandas apresentadas, representantes dos trabalhadores participarão da próxima Assembleia Mundial de Acionistas do Santander, na Espanha.
HSBC
Os dirigentes sindicais analisaram a realidade do HSBC, que recentemente emitiu uma nota informando a redução em seu quadro em 35 mil funcionários no mundo. Diante disso, o movimento sindical tem observado um reposicionamento do banco inglês na América Latina.
Outra constatação importante é de que o Itaú tem sido o parceiro do HSBC, adquirindo os ativos do banco no Chile e no Paraguai. O fechamento da sede para a América Latina, no México, e a sua transferência para São Paulo, onde está sediado o Itaú, denota os acordos existentes.
O HSBC completará 15 anos no Brasil e, durante todo esse período, o banco alternou o seu foco no mercado diversas vezes: varejo, corporate, premier e global class.
A política de não valorização do seu quadro funcional, más condições de trabalho, pressão para o atingimento de metas desumanas, é padrão em quase todos os países latino-americanos.
Em Curitiba, o alto escalão do banco está sendo dispensado. De janeiro a novembro deste ano, já foram 600 desligamentos, e destes a metade foram pedidos de demissão. Os bancários do HSBC não aguentam mais trabalhar com toda essa pressão e falta de valorização.
No HSBC do Chile havia 300 bancários. Hoje restam apenas 15, em três agências. Todas as carteiras de varejo foram vendidas ao Itaú. E os bancários que ficaram estão apreensivos com o futuro.
No Paraguai, os rumores de venda ao Itaú estão muito fortes. A apreensão é grande. Na Colômbia, o banco possui atualmente 500 trabalhadores (400 já foram despedidos - eram 900). Também há rumores de venda. O mercado imagina que seja para um banco colombiano, pois o Itaú não está presente na Colômbia (ainda). No Peru são 700 trabalhadores e o HSBC está despedindo 230.
Já na Argentina o cenário é diferente. O banco está se expandindo e abriu este ano mais de 30 agências, todas em pequenas e médias cidades. São 4.500 bancários. A previsão é de abertura de mais 30 agências em 2012. Não há rumores de venda, ao contrário. O HSBC tem mais ou menos 500 agências, e está muito forte no país. O salário inicial é de 1.300 dólares. Após seis meses de trabalho há estabilidade para todos. A carreira avança e há possibilidades de crescimento "se o funcionário estiver preparado". O HSBC entrou em 1999 na Argentina.
No Uruguai, o mercado considera que a venda ao Itaú está praticamente fechada. Atualmente, o banco tem 12 agências e 291 funcionários. Instalou-se em 1999. O salário inicial é de 1.083 dólares. O sentimento também é de apreensão
Frente a esse cenário instável e considerando que o resultado do banco nas Américas e na Ásia tem apresentado quedas, sem mencionar as dificuldades com a crise na Europa, é imperioso aos empregados se apropriarem da real situação do HSBC. E o movimento sindical ficou de organizar um plano de ação em cada país para defender os empregos e os direitos dos trabalhadores.
Fonte: Contraf-CUT