Redução do spread dos bancos ainda está no início, aponta Banco Central
14/06/2012 - Por Bancários CGR
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, avaliou na terça-feira (12), durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, que a redução dos chamados "spreads" bancários está acontecendo. Entretanto, ponderou que o processo ainda está no início.
O "spread bancário" é a diferença entre a taxa de captação dos bancos, ou seja, quanto pagam pelos recursos, e o valor cobrado de seu cliente na forma de taxa de juros. Para o Ministério da Fazenda, o spread dos bancos brasileiros é "elevado" se comparado com outros países tanto nas linhas de crédito para pessoas físicas quanto para empresas.
Dados recentes - Os números do Banco Central mostram que, somente em abril deste ano, os bancos começaram a repassar, integralmente, os cortes de juros iniciados pela autoridade monetária em agosto do ano passado. Desde então, a taxa básica da economia passou de 12,5% para 8,5% ao ano - uma redução de quatro pontos percentuais.
O movimento de corte mais agressivo dos juros bancários de pessoa física, com impacto no spread dos bancos, coincidiu com os anúncios, por parte de várias instituições financeiras, de reduções de suas taxas. O primeiro anúncio aconteceu em 4 de abril, por parte do Banco do Brasil, e foi seguido pela Caixa Econômica Federal e, somente depois, por bancos privados, como Itaú-Unibanco, Bradesco e Santander, entre outros.
Pressão do governo - Integrantes do governo federal, como a presidente Dilma Rousseff, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, têm dado declarações mais fortes de que os bancos privados brasileiros têm de reduzir o chamado "spread bancário".
No mês retrasado, Mantega avaliou, após encontro com representantes das instituições financeiras, que os bancos privados têm "margem" para reduzir seu "spread bancário" e, consequentemente, os juros cobrados de seus clientes.
Já o presidente da Febraban, Murilo Portugal, levou ao Ministério da Fazenda mais de 20 propostas para reduzir o chamado "spread bancário". Entre elas, a redução do compulsório (medida que foi adotada pelo governo, com a liberação de R$ 18 bilhões) e dos impostos (também encampada pela equipe econômica, com a redução do IOF sobre o crédito de 2,5% para 1,5% ao ano).
Lucro e spread - Segundo relatório divulgado pelo Banco Central em novembro do ano passado, a parcela do lucro dos bancos em todo o valor do spread subiu de 29,94% do total em 2009 para 32,73%, quase de 1/3 do total, em 2010. Desde 2004, trata-se da segunda maior participação do lucro dos bancos no "spread" - perdendo apenas para 2008 (34,69% do total).
Os dados do BC também revelam que, nos bancos privados, a parcela de seu spread destinado ao lucro foi de 34,15% em 2010, mais alto do que os 30,60% registrados nos bancos públicos.
Levantamento da consultoria Economatica revelou, em abril, que o setor bancário, representado por 25 bancos, foi o que registrou o maior volume de lucro entre as empresas de capital aberto em 2011 no Brasil.
Segundo o estudo, os 25 bancos registraram lucro de R$ 49,4 bilhões no ano passado, crescimento de 14,48% em relação a 2010. O lucro do setor bancário representa 39,4% do total acumulado pelas 344 empresas consideradas no levantamento, que não inclui Petrobras e Vale.