Reestruturação do BNB pode gerar centenas de descomissionamentos
12/04/2013 - Por Bancários CGR
Uma semana depois de garantir aos representantes dos bancários que a reestruturação em estudo não causaria impactos para os trabalhadores, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) anunciou, na quarta-feira (10), mudanças que reduzem a estrutura do banco, podendo levar à extinção de dezenas de comissões e gerar centenas de descomissionamentos.
"A gente compreende que uma empresa possa fazer mudanças em sua estrutura. O que não pode é desrespeitar os representantes dos trabalhadores e impor alterações que usurpam direitos e mudam, para pior, a vida dos seus empregados", afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Jaqueline Mello.
Reunidos nesta quinta (11), na sede do Sindicato, em Recife, os representantes dos sindicatos que compõem a Comissão Nacional dos Empregados do BNB estavam indignados. "É fundamental que os trabalhadores entendam a importância da unidade e de uma resposta contundente em mobilizações e ações para fazer com que o banco reveja o projeto", afirma Carlos Souza, vice-presidente da Contraf-CUT.
Segundo ele, um ofício já foi encaminhado à diretoria do BNB, solicitando reunião no próximo dia 15, quando também será realizado um grande ato em frente à sede do banco no Passaré, em Fortaleza. Também será construído um Dia Nacional de Luta contra as mudanças anunciadas pelo banco. "A resposta do movimento deve ser imediata e envolver todas as entidades contra este ataque. Não podemos admitir redução de salários e de direitos", completa Carlos Souza.
Desrespeito
A última negociação com a direção da empresa foi realizada nos dias 3 e 4. Durante o encontro, o BNB afirmara que o primeiro modelo de reestruturação seria apreciado nas próximas duas semanas e que não haveria comandos para prejudicar funcionários.
No mês passado, os representantes dos trabalhadores também participaram de um seminário, a convite do banco, no qual o próprio presidente da instituição, Ari Joel Lanzarin, garantiu que nada seria feito sem debate com as entidades sindicais.
"Estamos indignados com esta falta de respeito. A gente vinha cobrando do banco os números e impactos. Eles garantiam que não tinham estas informações, que tudo estava em estudo, que não haveria prejuízos... para depois empurrar uma reestruturação de forma unilateral", desabafa a representante do Sindicato dos Bancários do Piauí, Lusemir Carvalho.
A reestruturação
O projeto chegou aos empregados por mensagem eletrônica. "Nas unidades do banco, sobretudo nas Cenops e CROs (Centrais de Apoio e de Retaguarda Operacional), os funcionários estão em pânico", afirma o representante do Sindicato de Campina Grande, João Roncalli.
As mudanças preveem, entre outras coisas, a redução de 56 Gerências Executivas. As Cenops, CROs e Centrais Operacionais para o Setor Público serão extintas. Suas funções passarão a ser realizadas por Centrais de Crédito ao Cliente, com redução de dez para quatro unidades.
"E vale salientar que, diferente dos outros bancos públicos, o BNB não tem a mesma capilaridade na rede de agências. Ou seja, um bancário que tem sua função extinta vai acabar sendo forçado a se transferir para regiões distantes. E o pior: com uma remuneração menor, já que as comissões não estão asseguradas", critica o representante do Sindicato dos Bancários de Alagoas, Alexandre Timóteo.
Para Tomaz de Aquino, coordenador da Comissão Nacional de Funcionários do BNB e diretor do Sindicato dos Bancários do Ceará, o banco deveria se preocupar com a reestruturação da própria direção, já que "existem ainda quatro remanescentes de gestões passadas, sobre os quais pesam a suspeição de danos financeiros e operacionais ao banco".
Antônio Galindo, representante do Sindicato dos Bancários da Bahia e da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, ressalta, ainda, que "sequer há garantias de que as mudanças anunciadas vão se reverter, de fato, em melhoria na celeridade dos processos operacionais".
Diante da postura do banco, os bancários prometem uma resposta à altura. "Nós fomos desrespeitados e não podemos ficar calados diante disso. Não vamos aceitar redução de remuneração nem qualquer mudança na cultura organizacional e familiar dos trabalhadores", afirma o representante do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Robson Luís.
19º Congresso
Também foi pauta da reunião da Comissão Nacional dos Funcionários a organização do 19º Congresso dos Trabalhadores do BNB. O evento acontece nos dias 24 e 25 de maio, em Teresina, Piauí.
"O Congresso será um espaço privilegiado para que a gente organize nossa luta contra a reestruturação", afirma o diretor do Sindicato de Pernambuco, Fernando Batata.
Fonte: Contraf-CUT com Seec Pernambuco