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Sem anistia: categoria bancária participa de cerimônia do 8 de Janeiro, em Brasília

08/01/2025

"A democracia venceu": neste ano, evento de repúdio e memória dos atos golpistas de 2023, conta com cerimônia de reintegração de obras de arte restauradas e abraço coletivo pela democracia

Representantes do movimento sindical bancário, incluindo da Confederação Nacional das Trabalhadoras e dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), participam das solenidades em memória dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, que, nesta quarta-feira (8), completam dois anos.

"A defesa da democracia é uma pauta histórica do movimento sindical. Sem democracia, as instituições necessárias ao desenvolvimento social, econômico, às garantias de direitos, incluindo os direitos trabalhistas são ameaçadas e abre-se a porta para o autoritarismo e aprofundamento da violência sistêmica", reflete a secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, Elaine Cutis, presente na cerimônia representando a entidade.

As solenidades deste 8 de janeiro incluem a reintegração de 21 obras restauradas e que haviam sido atacadas pelos golpistas. Entre as obras, que retornam oficialmente para o acervo da Presidência da República, estão o quadro "As Mulatas", de Di Cavalcanti, e o relógio do século 17, presente da Corte Francesa para Dom João VI. A peça foi restaurada na Suíça, sem custo ao governo brasileiro.
 

Lula: ‘ainda estamos aqui!'

"Se estamos aqui é porque a democracia venceu", declarou Lula durante a cerimônia de hoje, em Brasília. "Muitos de nós talvez estivessem [hoje] presos, exilados e mortos, como aconteceu no passado", completou. Veja a seguir os principais trechos do discurso do presidente da República: 

"Se hoje podemos pensar, expressar novos pensamentos, ideias e desejos, é porque a democracia venceu. Do contrário, a única liberdade de expressão permitida seria a dos ditadores e de seus cúmplices e usada para mentir, espalhar o ódio e incitar a violência contra quem pensa diferente. Se hoje estamos aqui é para renovar nossa fé no diálogo entre os opostos, na harmonia entre os poderes e no cumprimento da Constituição, é porque a democracia venceu".

"Estamos aqui porque é para que ninguém esqueça: se hoje podemos contar as histórias, ver as histórias livremente contadas no cinema, no teatro, na música e na literatura é porque a democracia venceu. Caso contrário a arte teria que ser submetida aos censores, que nos proibiriam de ver, ouvir e compreender tudo que achassem subversivo. Hoje, estamos aqui para garantir que ninguém seja desaparecido ou morra por conta da causa que defenda. Estamos aqui em nome daqueles e daquelas que não podem mais estar. Estamos aqui em nome de todas as Marias, Clarices e Eunices".

"Quando todos tiverem direito às suas terras, sua cultura e suas crenças, quando as mulheres conquistarem igualdade de direitos e o direito de estar onde quiseren estar, sem serem julgadas, agredidas ou assassinadas, quando todas as religiões forem respeitadas e viverem em harmonia, porque a fé deve unir e não colocar irmãos contra irmãos, quando qualquer pessoa tiver o direito de amar e ser amada, por qualquer pessoal, sem sofrer qualquer tipo de preconceito, discriminação ou violência, teremos essa democracia plena, para todos e todas, que queremos construir no Brasil".

"Os responsáveis pelo 8 de janeiro estão sendo investigados e punidos. Ninguém foi considerado preso injustamente. Todos pagarão pelos crimes que cometeram. Todos! Inclusive os que planejaram o assassinato do presidente, do ministro e do vice-presidente. Todos terão amplo direito de defesa e presunção de inocência. Defendemos e defenderemos sempre a liberdade de expressão, mas não seremos tolerantes com discursos de ódio e fake news, que colocam em risco pessoas e incitam a violência contra o estado democrático de direito. Seremos intransigentes na defesa da democracia".

Abraço pela Democracia

A solenidade deste ano será concluída com um abraço coletivo em torno da palavra "Democracia", que será escrita no chão da Praça dos Três Poderes, local onde estão as sedes dos três poderes: Presidência da República, Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF).

"É um consenso, entre todos e todas que reconhecem a importância do estado democrático de direito, para que a gente siga o caminho a uma sociedade mais justa e igualitária, que os atentados de 8 de janeiro de 2023 foram os mais graves à ordem constitucionalmente e democraticamente eleita no país, desde o golpe de 1964, que instalou a ditadura militar no país", reflete Eliana Brasil, a secretária de Formação da Contraf-CUT, que também esteve presente no ato.

Atos golpistas

Há dois anos, instigados por seu líder, Jair Bolsonaro que, antes mesmo de perder a reeleição no pleito de 30 outubro de 2022, fomentava teorias da conspiração de instabilidade do processo democrático, milhares de pessoas, que estavam acampadas no Setor Militar Urbano em Brasília, começaram a marchar até a Praça dos Três Poderes e invadiram Congresso, Planalto e STF, causando uma série de destruição de patrimônio público e que, segundo levantamento da CNN, levaram a um prejuízo de, pelo menos, R$ 16 milhões aos cofres públicos.

Após o quebra-quebra, cerca de 1.430 chegaram a ser presos. Desse total, mais de 300 já foram condenados pelo Supremo.

Para além da destruição, outra trama estava em andamento, por trás dos bastidores que, felizmente, não foi levada adiante, como revelou investigação divulgada em novembro passado pela Polícia Federal e que resultou na prisão, por tentativa de golpe, o general Walter Braga Netto, ex-ministro de Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de reeleição de Bolsonaro.

Cerca de 40 pessoas também foram indiciadas no caso, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo a PF, organizadores do crime pretendiam matar ou prender o ministro do Supremo Alexandre de Moraes, o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin.

Também foram encontradas conversas onde um dos golpistas questionou sobre a criação de um campo de concentração para inimigos políticos.

Fonte: Contraf-CUT

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