Sindicatos querem PIB como referência para reajuste de salários

20/03/2008 - Por Bancários CGR

A mesa de negociação salarial deverá contar com um novo elemento neste ano: o PIB (Produto Interno Bruto). Em tempos de inflação em baixa, o índice de preços perde força como referência para o reajuste e, agora, os sindicalistas querem que seja levada em consideração a expansão da economia do país _ a exemplo do que ocorreu no salário mínimo federal deste ano.

Em 2007, o índice de expansão do PIB foi de 5,4%, ultrapassando o do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que ficou em 3,9%.

O crescimento econômico é favorável à negociação, mas não está se traduzindo na relação entre o PIB e o salário. O percentual do PIB não está na mesa, mas pode vir a estar. Pode ser uma sugestão, já que o ganho real dos salários está abaixo do PIB desde 2004, afirmou José Silvestre Prado de Oliveira, supervisor do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

O aumento real do salário deve estar vinculado ao crescimento econômico, que é importante, mas com distribuição de renda, disse Carlos Cordeiro, secretário geral da Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), ligada à CUT (Central Única dos Trabalhadores).

Segundo divulgou nesta segunda-feira o Dieese, 96% das negociações salariais realizadas em 2007 asseguraram, no mínimo, a incorporação das perdas ocorridas com a inflação --medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) ocorridas desde a data-base anterior.

A inflação continua sendo uma variável determinante para a concessão de reajuste. Quanto menor a inflação, menor é o repasse e maior é a proporção de negociações com reajustes iguais ou superiores ao índice, explica Oliveira.

Entre 2003 e 2004, por exemplo, o INPC médio caiu de 17,4% para 6,6% e o percentual de reajustes iguais ou acima desse índice saltou de 42% para 81%. Em 2005, quando o índice de preços do IBGE médio correspondeu a 6%, quase 90% das negociações asseguraram resultados positivos. Em 2006 e 2007, com inflação médica acumulada inferior a 4%, quase a totalidade das negociações assegurou percentuais de reajustes idênticos ou superiores ao INPC.

Há uma nítida influência da inflação sobre a negociação dos reajustes salariais, o mesmo não ocorre em relação ao PIB. Coloca-se a necessidade de incorporar o patamar de crescimento ao salário e à mesa de negociação, explicou Oliveira.

Conforme o Dieese, comparando-se os ganhos reais obtidos nos últimos quatro anos com a taxa de expansão do PIB referente ao ano anterior, somente em 2004 (quando o índice foi de 1,1% em 2003), a proporção de negociações saltou de 42,3% (em 2003) para 80,9% (em 2004) com reajuste igual ou acima do INPC. Nos anos posteriores, a variação do PIB oscilou entre 3% e 6% e a proporção de negociações que conquistaram aumentos reais manteve o mesmo patamar.

É neste momento que se deve pautar a necessidade de repartição dos ganhos de produtividade, através da qual os trabalhadores terão a oportunidade de elevar o patamar salarial vigente, profundamente rebaixado nas últimas três décadas, informa o Dieese.

Impacto sobre 2008 - Para as negociações a serem realizadas neste ano, o Dieese projeta quadro semelhante de reajustes ao do ano passado, já que a inflação projetada é semelhante. Caso o PIB do país --com variação prevista entre 4,5% e 5% para 2008-- seja considerado na negociação, Francisco Oliveira, coordenador de pesquisas do Dieese, cogita um impacto positivo maior sobre os salários.

Pode ter impacto por ser um PIB elevado, mas como a influência é maior da inflação, pelo menos o INPC deverá estar garantido, disse.


Fonte: Folha Online

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