Superávit do Saúde Caixa domina as discussões no GT Saúde com a Caixa
30/03/2011 - Por Bancários CGR
A Contraf-CUT participou nesta segunda e terça-feira, dias 28 e 29, da  reunião do GT Saúde do Trabalhador com a Caixa Econômica Federal, em  Brasília. O principal tema da reunião foi o debate acerca do real valor  do superávit nas contas do Saúde Caixa, plano de saúde dos empregados do  banco.
 
 Um dos pontos polêmicos é o problema do déficit de R$ 4,5 milhões  ocorrido no ano de 2004, logo após a implantação do novo modelo do plano  de saúde. O problema é que o déficit se concentra no primeiro semestre  do ano, o que se explica pela demora da Caixa em implantar o novo modelo  de financiamento - descumprindo acordo selado com os trabalhadores  durante a Campanha Nacional dos Bancários de 2003 que previa a  implantação já em janeiro de 2004.
 
 Na ocasião, o GT Saúde entregou o relatório para a direção do banco no  início de dezembro de 2003, com tempo para a implantação em janeiro. No  entanto, por conta de questionamentos internos, a Caixa levou cerca de  seis meses para definir uma posição final, fazendo com que o aditivo ao  Acordo Coletivo fosse assinado somente em 1º de julho de 2004.
 
 "O modelo antigo tinha valores defasados, que foram corrigidos pelo novo  modelo. Se considerarmos apenas o segundo semestre de 2004, já com as  novas regras, o plano foi superavitário em R$ 2,8 milhões", afirma  Plinio Pavão, secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT e  empregado da Caixa. "Como o atraso ocorreu por problemas internos da  Caixa, defendemos que o déficit no primeiro semestre não deve ser  considerado para o resultado geral do plano", completa. A Caixa ficou de  analisar os argumentos dos trabalhadores.
 
 Outra questão colocada é o acerto das contas desde 2004. O banco está  trabalhando como se os números dissessem respeito a um grande exercício,  de 2004 até 2010. "Não vemos problema da Caixa utilizar esse modelo  para as contas, mas é fundamental que sejam disponibilizados balanços  anuais para dar transparência ao Saúde Caixa", afirma Plínio. 
 
 Ele lembra que, na época do contingenciamento, o banco afirmava que o  plano havia sido deficitário nos anos de 2004 a 2007. No entanto, quando  os bancários tiveram acesso aos números, foi verificado que isso não  era verdade: o plano sempre foi superavitário. "Essa avaliação só é  possível com balanços ano a ano", diz Plínio. "Precisamos de relatórios  em regime de competência para que possamos fazer uma avaliação da  fórmula de custeio, checando se de fato ela é sustentável - o que tem  sido demonstrado pelos números disponíveis", completa.
 
 Também foi ponto de discordância a remuneração sobre os valores do Saúde  Caixa, que não foi feita pela Caixa. Segundo as regras do plano, em  caso de superávit, o banco deve aplicar sobre o saldo de cada mês os  juros da taxa Selic - o que não foi feito. A Caixa alega dificuldades de  estabelecer essa rentabilidade no período do contingenciamento, pois é  impossível definir a movimentação do dinheiro em cada mês.
 
 O banco afirma ainda que, durante o período, foi suspenso o pagamento da  co-participação dos empregados nas consultas. Esses recursos foram  cobertos pelo banco, que só resgatou os valores no fundo do Saúde Caixa  posteriormente e sem a aplicação de juros.
 
 Os bancários lembraram que o não pagamento das co-participações não foi  voluntário por parte dos empregados, mas fruto de dificuldades técnicas  do próprio banco. Os bancários reconheceram o problema de se estabelecer  com precisão a movimentação de cada mês e se dispuseram a discutir um  valor intermediário para a correção dos valores. O debate continuará na  próxima reunião do GT.
 
 Dívidas do PAMS
 
 Ainda em relação ao Saúde Caixa, os bancários debateram a questão das  dívidas impagáveis do PAMS, plano que antecedeu o Saúde Caixa. O  problema surgiu por que o PAMS não possuía teto para o pagamento da  co-participação, então fixada em 20% do valor do procedimento a que o  associado teria que se submeter - hoje, o teto é de R$ 2.400. Dessa  forma, um bancário que tenha feito um tratamento que custou R$ 100 mil  adquiriu uma dívida de R$ 20 mil com o plano, que seria paga com  descontos de no máximo 10% do salário do trabalhador.
 
 "Na prática, em muitos casos, o desconto será feito enquanto o  trabalhador permanecer no banco e a dívida nunca será paga. O banco,  além de não receber, tem custos com cobrança e outras questões, sem  falar no transtorno que isso representa ao empregado, que nunca se  livrará da dívida", afirma Plínio. No total, o banco tem cerca de R$ 9  milhões para receber dessa forma.
 
 A proposta dos empregados é que seja calculada caso a caso a relação  entre a dívida e o valor do salário do bancário. Caso se perceba que a  dívida é pagável dentro de um determinado prazo, o processo continua  como está. Caso contrário, seria discutida uma forma de anistia ou  redução do valor. "Assim, tanto o bancário quanto a Caixa se livram  dessa dívida", afirma Plínio.
 
 Normativos RH052 e RH025
 
 O debate sobre o resgate da redação original do normativo RH052,  referente a afastamento por acidente de trabalho, foi retomado na  reunião. Negociado em 2003 e implantado em julho de 2004, o normativo  foi alterado unilateralmente pelo banco em pontos importantes, o que  contraria o entendimento das partes de que todas as normas negociadas só  poderiam ser alteradas mediante novo processo de discussão.
 
 Foi feita a apresentação de todos os itens considerados importantes  pelos trabalhadores, como a obrigatoriedade de emissão de CAT na  suspeita de doença do trabalho. O banco se comprometeu a avaliar as  reivindicações.
 
 A discussão acerca do RH025, que trata de afastamento por doença comum,  também estava na pauta, mas teve que ser adiada para a próxima reunião, a  ser realizada nos dias 12 e 13 de maio, em São Paulo.
 
 Comitês da rede credenciada
 
 Outro item reivindicado pelos trabalhadores foi a valorização dos  comitês da rede credenciada do Saúde Caixa. Nesse sentido, será  realizada no dia 11 de maio a primeira reunião de discussão com todos os  representantes dos bancários nos comitês das regiões Sul e Sudeste.  "Vamos discutir as atribuições do cargo e quais os problemas que eles  têm encontrado no cumprimento de seu papel. A ideia é otimizar a atuação  nos comitês", diz Plínio.
Fonte: Contraf-CUT

