Valorização de 16,33% no piso dos bancários beneficia mulheres e negros

14/10/2010 - Por Bancários CGR

O reajuste de 16,33% conquistado pela greve nacional dos bancários no piso - alcançando aumento real de 11,54% e o valor de R$ 1.250 - é uma importante conquista não somente econômica, mas também do ponto de vista da promoção da igualdade de gênero e raça dentro dos bancos. Isso ocorre porque a maioria das mulheres e negros está nas funções mais baixas da carreira, sendo beneficiados diretamente pelo aumento dos pisos.

Além do piso de escritório, o piso de caixa subiu para R$ 1.709,05 (incluindo gratificação de caixa e outras verbas), constituindo um reajuste de 13,82%, com aumento real de 9,15%. Trata-se de outra conquista que melhora a remuneração.

O alcance das medidas para os setores discriminados nos bancos fica comprovado pelos dados do Mapa da Diversidade, pesquisa que comprovou a desigualdade de condições de mulheres e negros no setor financeiro. Os números mostram que as mulheres representam 53,3% dos chamados cargos funcionais, que recebem os menores rendimentos. Por outro lado, apenas 19% estão em cargos de direção e superintendência.

O mesmo ocorre entre os negros, parcela da população que está sub-representada na categoria em relação a sua presença na População Economicamente Ativa (PEA) do país: são 19% dos bancários, enquanto atingem 35,7% da PEA. Nos bancos, também estão majoritariamente na base da pirâmide salarial, ocupando 20,6% dos cargos funcionais e apenas 4,8% dos cargos de superintendência e direção.

A valorização dos pisos é um avanço nesse sentido por atingir de forma direta as populações discriminadas nos bancos. Esse, porém, é apenas um passo numa situação complexa, como mostram os números, afirma Deise Recoaro, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT.

Deise explica que o pequeno número de mulheres e negros em cargos de chefia reflete discriminações sofridas por essas pessoas na definição das promoções nos bancos. É preciso que essas pessoas ampliem sua perspectiva de carreira dentro das empresas. Um passo importante para isso seria a implantação de Plano de Cargos, Carreira e Salários em todos os bancos, com critérios objetivos e transparentes para a definição das promoções, acabando com a avaliação subjetiva dos gestores e diminuindo a margem para discriminações, afirma.

No caso dos negros, a situação é ainda pior: os dados mostram que a discriminação começa ainda na contratação. É preciso combater esse tipo de preconceito e promover a entrada de negros e outros setores discriminados dentro dos bancos. A criação de um ambiente que respeite verdadeiramente a diversidade criará ganhos para todos, defende Deise.

Greve vitoriosa

Como resultado da maior greve realizada pela categoria nos últimos 20 anos, a Fenaban apresentou nesta segunda-feira 11 uma nova proposta, que inclui, além da elevação dos pisos, reajuste de 7,5% (aumento real de 3,08%) para quem ganha até R$ 5.250 (o que engloba 85% da categoria) e em todas as verbas salariais, incremento na PLR e inclusão na Convenção Coletiva, pela primeira vez, de mecanismos para combater o assédio moral no trabalho e a falta de segurança nas agências.

As conquistas dão continuidade a uma série de avanços dos últimos anos. De 2004 a 2010, por exemplo, os bancários tiveram entre 19,6% e 26,3% de aumento real no piso salarial. Veja aqui na tabela.

Outro banco é preciso, com as pessoas em primeiro lugar.

Fonte: Contraf-CUT


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