Nos dias 15 e 16 de agosto de 2025, o Hotel Vila Galé, em Fortaleza (CE), sediou o 30º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Nordeste (BNB). O encontro reuniu bancárias e bancários do BNB, dirigentes sindicais, representantes de entidades nacionais e especialistas convidados para dois dias de intensos debates sobre o presente e o futuro da categoria.

A atividade foi marcada pela análise crítica da conjuntura e pela reafirmação da importância estratégica do Banco do Nordeste como patrimônio do povo brasileiro e instrumento fundamental de desenvolvimento da região.

A abertura, na sexta-feira (15), contou com a participação de dirigentes sindicais do Nordeste, centrais sindicais e da Fetrafi/NE, reafirmando o papel histórico da organização coletiva dos trabalhadores frente aos desafios atuais. A mesa destacou a necessidade de fortalecer a defesa do BNB como maior banco de desenvolvimento da América Latina, enfrentando ataques aos direitos e resistindo ao avanço da precarização no sistema financeiro.

Para o coordenador da Comissão Nacional dos Funcionários do BNB (CNFBNB), Robson Araújo, o congresso cumpre um papel essencial: “É aqui que reafirmamos nossa unidade e construímos propostas concretas para enfrentar os desafios que se colocam diante do BNB e dos seus trabalhadores. O banco é estratégico para o Nordeste e sua defesa precisa ser prioridade da categoria e da sociedade.”

O primeiro debate do sábado (16) foi conduzido pelo professor de História e diretor da Contraf-CUT, José Luís, que apresentou a palestra “A interferência dos EUA na América Latina”. A exposição resgatou episódios marcantes da ingerência norte-americana, desde a Doutrina Monroe e o Destino Manifesto, passando pela Operação Condor e o apoio às ditaduras militares na região, até a influência recente sobre políticas neoliberais e a utilização da religião como ferramenta política. O professor ressaltou que compreender esse percurso é fundamental para a luta por soberania e para a defesa das empresas públicas brasileiras, entre elas o BNB, a Capef e a Camed.

Na sequência, o cientista político Frederico Costa apresentou a palestra “Política brasileira e eleições 2026”. O professor destacou que o próximo processo eleitoral estará marcado pela disputa entre projetos antagônicos de país e pela necessidade de defender a democracia diante das ameaças autoritárias.

“A experiência histórica mostra: não se dá anistia para golpista”, afirmou Costa, ressaltando que a memória e a justiça são elementos indispensáveis para evitar retrocessos. Para o presidente do Sindicato dos Bancários de Alagoas e integrante do Comando Nacional dos Bancários, Thyago Miranda, “a defesa do Banco do Nordeste é inseparável da defesa da democracia e do desenvolvimento da nossa região. É por isso que o conhecimento e resgate histórico político de nosso país é indispensável para nossa luta.”

A parte da tarde foi dedicada às mesas sobre saúde e previdência, com foco nos patrimônios coletivos dos trabalhadores do BNB. Na mesa sobre a Camed, os diretores Phillipe Brandão (Camed Corretora) e Mário Hermógenes (Camed Saúde) apresentaram dados sobre a atual situação da operadora e da corretora, que juntas atendem mais de 38 mil beneficiários e movimentaram em 2024 mais de R$ 650 milhões em prêmios de seguros. Foram destacados investimentos em programas de prevenção, telemedicina e telepsicologia, além do papel da corretora no fortalecimento financeiro da saúde suplementar da categoria.

A mesa reforçou que a Camed é um patrimônio do funcionalismo do BNB e deve ser defendida com unidade, transparência e responsabilidade. Em seguida, o debate ficou por conta de Henrique Tinoco sobre a Capef, plano de previdência dos funcionários, onde foram discutidos os desafios de sustentabilidade e a importância de garantir segurança e solidez para o futuro dos trabalhadores e trabalhadoras.

Segundo Lusemir Carvalho, diretora do Sindicato dos Bancários do Piauí e membro da CNFBNB, “discutir saúde e previdência é discutir o futuro da categoria. A Camed e a Capef são conquistas históricas que precisam ser preservadas, porque representam segurança e qualidade de vida para milhares de famílias.”

O congresso foi encerrado com uma plenária que aprovou propostas para o fortalecimento da organização sindical e da defesa dos direitos da categoria. Entre os encaminhamentos, destaque para a articulação em torno da 27ª Conferência Nacional dos Bancários, a ser realizada ao final, onde os delegados eleitos representarão os trabalhadores do BNB em nível nacional.

O 30º Congresso Nacional dos Funcionários do BNB reafirmou que a luta em defesa do Banco do Nordeste é também uma luta pelo desenvolvimento soberano da região, pela democracia e pela valorização do trabalho. Ao longo dos dois dias, ficou evidente que saúde, previdência e direitos não são concessões, mas conquistas históricas que precisam ser preservadas e ampliadas.

Fetrafi/NE