Apesar dos altos lucros, bancos reduzem agências e cortam empregos

20/11/2013 - Por Bancários CGR

O fechamento de posto de trabalho e a redução das estruturas envolvendo agências têm evidenciado que os bancos seguem na contramão dos demais setores da economia. Apesar dos altos lucros obtidos, milhares de empregos vêm sendo cortados pelas instituições financeiras nos últimos anos. Em reportagem publicada nesta terça-feira (19), o jornal Valor Econômico aponta que os maiores bancos privados do país estão revendo seus planos de inauguração de agências.

"A paranóia do momento para o sistema financeiro é a chamada eficiência operacional e o foco tem sido particularmente o corte dos postos de trabalho", afirma Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT.

Os bancos defendem que a prioridade é fazer com que as agências atuais sejam mais rentáveis, como diz Carlos Galán, vice-presidente de finanças do Santander Brasil. "O objetivo é atingir o equilíbrio desses investimentos", justifica.

Bradesco

A redução nos empregos não se justifica diante dos lucros bilionários obtidos pelas instituições financeiras. No primeiro semestre de 2013, o Bradesco lucrou R$ 5,9 bilhões, alcançando o maior lucro da história do banco para o período. Apesar disso, a empresa fechou 2.580 vagas nos últimos 12 meses.

Segundo o Valor, quando 2013 começou, o Bradesco previa a abertura de 50 agências neste ano, mas deve encerrar o ano com no máximo 20 inaugurações. Por enquanto, está apenas com 11 novas unidades, mesmo com o crescimento da economia e expansão de crédito nos bancos públicos.

Santander

Outro exemplo é o Santander, que obteve lucro de R$ 2,9 bilhões no primeiro semestre deste ano e, no entanto, cortou 3.216 empregos nos últimos 12 meses, sendo 2.290 apenas no primeiro semestre deste ano.

O banco espanhol tinha no país no mês de setembro 35 menos agências do que no início deste ano. Algumas dessas unidades estão passando por reformas para atender o público de mais alta renda, mas o banco não esconde que reviu sua estratégia.

Atendimento quase sem bancários

O diretor da Contraf-CUT alerta que a consequência deste processo são as filas intermináveis aos clientes e a proibição de que realizem tarefas simples, como a utilização do caixa para depósitos ou pagamento de contas. "Para os poucos bancários que sobraram na área de atendimento das agências fica a sobrecarga de trabalho, assédio moral, estresse e adoecimento", denuncia Miguel.

No entanto, têm sido crescentes os investimentos para o desenvolvimento de novas tecnologias. "As instituições financeiras estão criando novos terminais eletrônicos que eliminarão processos de trabalho, como conferência, validação de procedimentos e crédito automático na conta corrente dos clientes. Será inclusive possível fazer depósito em cheque, enviando a imagem para o banco via celular", explica Miguel.

Além disso, há novas tecnologias, particularmente o mobile payment , agora sob o amparo da lei nº 12.865, de 9 de outubro, sancionada pela presidenta Dilma. Os bancos e também empresas não financeiras irão massificar a utilização dos celulares para pagamento de contas, o que para os bancos será mais uma forma de evitar que os clientes busquem o atendimento convencional nas agências.

Correspondentes

Outra estratégia dos bancos é o uso de correspondentes bancários que permitem aos bancos expandirem seus negócios sem terem de abrir novos pontos de atendimento. Dentro da estrutura de padarias e lojas, por exemplo, as instituições conseguem prestar alguns serviços bancários.

"As instituições financeiras tem expulsado os clientes de menor renda e usuários de serviços bancários para os correspondentes, que já ultrapassaram os 360 mil pontos de atendimento terceirizado no país", ressalta Miguel.

Para ele, os bancos estão novamente seguindo na contramão porque utilizam de mão de obra já contratada pelo comércio, não gerando novos postos de trabalho também fora das agências. "Trata-se de desvios de função, metas abusivas para a venda de produtos e serviços financeiros, riscos à vida e à segurança desses trabalhadores, já que aumentou o volume de recursos transacionados pelos trabalhadores, sem qualquer tipo de segurança", conclui Miguel.

Fonte: Contraf-CUT com Valor Econômico

Outras Notícias