Artigo: Tempos Sombrios

10/11/2017 - Por Bancários CGR


Em reunião com a Superintendência Estadual do Banco do Brasil, fomos informados do fechamento de mais três unidades do banco aqui na Paraíba. De imediato externamos que somos contra o encerramento de qualquer unidade do banco, pois são essenciais para a população e o desenvolvimento local, principalmente onde os bancos privados não tem interesse em atuar.

Há exatamente um ano, tinha início o desmonte do BB com o fechamento de mais de quatrocentas agências em todo o país. Na Paraíba tivemos um número considerável de unidades com atividades encerradas. Em Campina Grande a agência do Shopping Partage foi extinta, causando transtornos a clientes e funcionários.

Desta vez serão fechadas as unidades de Cruz do Espírito Santo, Arara e Salgado de São Félix. Na base de atuação do nosso Sindicato, a vítima será a unidade da cidade de Arara que, conforme informação do banco irá encerrar seus serviços no próximo dia 17.

O fato de o banco fechar unidades por si só já é motivo de preocupação, porém o que nos deixou mais inquietos foi a razão alegada para tomar tal decisão: a rentabilidade das mesmas. Fica claro que a nova política do maior banco público do país não difere em nada da dos bancos privados. Teve rentabilidade, mantém. Não teve, fecha.  A direção do Banco do Brasil deixa de lado um dos principais motivos da existência de um banco público que é ir além da busca do lucro, dando sua contribuição social, tendo utilidade econômica e social, principalmente para os setores mais carentes e os municípios de menor porte.

Em grande parte o crescimento dessas regiões menos desenvolvidas depende de investimentos financiados por bancos públicos, porém a direção geral do BB mostra a cara e joga o banco na vala comum do mercado, onde somente o lucro interessa. Além disso, encerrar atividades de unidade causa incômodo aos funcionários, que repentinamente, são obrigados e redirecionar suas vidas e a de seus familiares, ao serem transferidos para outra cidade. Na reunião com o banco, os Sindicatos de Campina Grande e região e da Paraíba, cobraram da Superintendência Estadual a maior coerência possível na hora de realocar os  bancários das unidades fechadas.

Dentro da política de reduzir sua presença em algumas cidades,  a direção do Banco do Brasil tem transformado algumas agências em Postos de Atendimento. Com isso, novamente, quem perde é a sociedade e os funcionários. O primeiro a sofrer a degola é o gerente geral, uma vez que não há tal cargo em Posto de Atendimento Bancário. Além do gerente, há redução do número de trabalhadores na unidade, com o banco buscando transferi-los para outras unidades. A diminuição do número de funcionários  também faz parte da política governo de sucatear os bancos públicos. 

E o quadro pode se agravar. Questionados se só seriam essas três unidades a fechar, os representantes da empresa comunicaram que o banco fará estudos permanentes sobre a viabilidade das unidades, o que pode possibilitar novos fechamentos bem como a transformação de mais agências em Postos de Atendimento Bancário. 

Uma das principais marcas do Banco do Brasil ao longo de sua história foi sua presença nos mais longínquos munícios do país, levando desenvolvimento local. Como importante instrumento de fomento, o BB sempre fez parte do cotidiano desses municípios. 

A redução dos bancos públicos é uma estratégia do ilegítimo Governo Michel Temer, para sucatear as empresas, gerando na sociedade uma má impressão, para que as pessoas comprem a ideia de que os bancos públicos precisam ser privatizados. 

No momento em que sindicatos, centrais sindicais, federações e entidades representativas dos funcionários estão engajados na Campanha Em Defesa dos Bancos Públicos, é de suma importância que bancários e população também se mobilizem e defendam o patrimônio público, exigindo uma nova política para o setor, com a manutenção de agências e a reposição de funcionários.

Defender os bancos públicos é defender um projeto de país digno para o povo. Se é público, é para todos.

 

Rostand Silva Lucena

Presidente do Sindicato dos Bancários de Campina Grande e região

 

Outras Notícias