Com a reivindicação “O Brasil que queremos!”, trabalhadores de todo o país debateram questões, como: novos modelos de governabilidade, enfrentamento contra o golpe, união da esquerda brasileira e mobilização em defesa da soberania nacional e da democracia no encerramento do segundo dia da 20ª Conferência Nacional dos Bancários. “Eu quero que vocês me vejam hoje não como presidente da CUT, quero que vocês me vejam como representante do Partido dos Trabalhadores (PT)”, solicitou Vagner Freitas, presidente da CUT, no início de sua participação. “A proposta desta mesa é o Brasil que queremos. Não era eu que deveria estar aqui falando pelo PT, e sim um preso político que está em Curitiba e temos que libertar. Por entender isso, vou aqui humildemente ler uma carta que o presidente Luís Inácio Lula da Silva escreve para os brasileiros, pois resume tudo o que nós pensamos”. “Não tenho dúvida de que me puseram aqui para me impedir de conviver com minha grande família: o povo brasileiro. Isso é o que mais me angustia, pois sei que, do lado de fora, a cada dia mais e mais famílias voltam a viver nas ruas, abandonadas pelo Estado que deveria protegê-las”, escreveu Lula na carta lida por Vagner Freitas. A carta afirma ainda a candidatura de Lula à Presidência da República. “É para acabar com o sofrimento do povo que sou novamente candidato à Presidência da República. Tive muitas candidaturas em minha trajetória, mas esta é diferente: é o compromisso da minha vida. Quem teve o privilégio de ver o Brasil avançar em benefício dos mais pobres, depois de séculos de exclusão e abandono, não pode se omitir na hora mais difícil para a nossa gente. Sei que minha candidatura representa a esperança, e vamos levá-la até as últimas consequências, porque temos ao nosso lado a força do povo”, disse Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto para o Planalto na eleição de outubro. No texto, Lula diz que quer ser presidente porque já provou que o Brasil pode ser um país melhor para todos e que seu governo foi “um tempo de paz e prosperidade, como nunca antes tivemos na história”. “Acredito, do fundo do coração, que o Brasil pode voltar a ser feliz. E pode avançar muito mais do que conquistamos juntos, quando o governo era do povo”, escreveu. Clique aqui e leia a carta na íntegra. O pré-candidato do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) à Presidência da República, Guilherme Boulos, disse ter diferenças e discordar de algumas políticas implantadas nos 13 anos de governo do Partido dos Trabalhadores (PT), mas, segundo ele, são diferenças políticas e isso não quer dizer que apoia o golpe e aprove a injustiça que é a prisão do presidente Lula. "Para tomar lado não preciso ser eleitor do Lula, não preciso ser militante do PT. Esse compromisso sempre vamos ter. Neste momento precisamos ter unidade democrática contra os retrocessos nos direitos sociais e contra a democracia”, ressaltou Boulos. Acabar com os privilégios Segundo Boulos, o golpe mostrou de maneira cabal que não há mais espaço para avançar em direitos sociais para a maioria da população sem enfrentar os privilégios para as minorias econômicas deste país. “Foi possível garantir avanços importantes para os de baixo, mesmo com os de cima continuando ganhando. Mas, a crise veio e o cobertor ficou curto. Com a crise, isso não é mais possível. Não vamos fazer políticas para os de baixo sem enfrentar o sistema que sustenta os privilégios dos de cima”. Em sua fala, Boulos ainda defendeu as empresas e os bancos públicos, a redução dos juros, do spread bancário e taxar a renda, os dividendos, a herança e reduzir os impostos sobre o consumo para permitir a continuidade dos programas voltados para as classes populares. Adilson Gonçalves de Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), comentou sobre os impactos dos ataques do governo golpista contra os bancos e a classe trabalhadora. “É lamentável que estejamos caminhando para a pavimentação de uma estrada rumo à um Brasil colonizado. O governo tomou de assalto o mandato constitucional da presidenta Dilma com a justificativa de que a interrupção do seu governo abriria um tempo novo de perspectivas, de sonhos. Porém, o que se viu foi a aprovação da emenda constitucional 95, que impôs um conjunto de dificuldade e a gente passou a amargar as graves consequências do congelamento público, que tem rebatimento direto nos bancos privados".
Fonte: Contraf-CUT