Bancários estão entre os trabalhadores que mais sofrem assédio moral

14/11/2013 - Por Bancários CGR

altO assédio moral é um problema crônico que afeta trabalhadores no mundo inteiro. Mas é nos bancos que atuam no Brasil que o assédio encontra um terreno fértil e transforma a categoria bancária nas principais vítimas. O problema é tão grave que o Ministério Público do Trabalho decidiu agir e, desde outubro, tem realizado uma série de atos em todo o país. Nesta quarta-feira, dia 13, o ato chegou ao Recife e contou com a participação da presidenta do Sindicato de Pernambuco, Jaqueline Mello.

Os números apresentados durante o evento são assustadores. Segundo pesquisa da Universidade de Brasília (UnB), todos os dias um bancário tenta suicídio no Brasil. A cada 20 dias, um deles se mata. Dados do INSS apontam que 21.144 bancários foram afastados do trabalho no ano passado por adoecimento. Entre eles, 25,7% estava com estresse, depressão, síndrome de pânico e transtornos mentais – doenças relacionadas diretamente ao assédio moral.

Jaqueline destacou que o assédio moral destrói a vida do trabalhador e também acaba com as relações familiares. “Temos conseguido alguns avanços na luta contra o assédio moral, mas ainda temos um longo caminho a percorrer. Em 2010, conquistamos, de forma inédita no país, a inclusão da cláusula de combate ao assédio na Convenção Coletiva de Trabalho, renovada nas campanhas de 2011 e 2012 e melhorada em 2013. Este ano também conseguimos a garantia de que os bancos não podem enviar torpedos para o celular particular dos bancários cobrando o cumprimento de metas. Mas o assédio moral ainda é muito grande nos bancos e, por isso, aproveitamos para pedir a ajuda de todos os órgãos que participam deste ato. Precisamos criar um fórum permanente para tratar do assunto”, disse.

Jaqueline lembrou que o Sindicato dos Bancários de Pernambuco é pioneiro na luta contra o assédio moral e que, em 2003, a entidade liderou uma pesquisa nacional onde 40% dos bancários relataram que já sofreram humilhações no trabalho. O levantamento também mostrou que 61% dos trabalhadores bancários sofriam com estresse, cansaço, tristeza, insônia e outros sintomas de natureza psicológica (acesse aqui).

Solidariedade é o caminho – Além de Jaqueline, participaram como palestrantes no evento Fábio André de Farias (desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região), Fátima Lucena (professora da Universidade Federal de Pernambuco), Felícia Mendonça (auditora fiscal do Trabalho), e Melícia Carvalho Mesel (procuradora do Trabalho). Um ponto comum em todas as falas foi a palavra solidariedade.

“O assédio moral não nasce de uma mente doentia à procura de vítimas indefesas. Ele é fruto da estrutura organizacional dos bancos, que a cada dia impõe metas mais abusivas aos seus funcionários. Isso cria um ambiente de competição tão grande que enfraquece as relações de amizade entre os colegas e abre espaço para o assédio moral. A melhor forma de combatê-lo é a solidariedade entre os colegas”, destacou Felícia.

Já Melícia ressaltou que os laços de solidariedade são essenciais dentro da empresa. “O assédio moral coisifica as pessoas, acaba com a autoestima e provoca uma série de doenças que pode terminar com a invalidez do trabalhador. Por isso é importante que as pessoas sejam solidárias e denunciem o assédio moral ao seu sindicato, mesmo que a vítima seja o colega, que muitas vezes não tem forças nem para denunciar”, disse.

Todos os palestrantes também destacaram o problema da organização do trabalho nos bancos e colocaram as metas abusivas como o ponto de partida do assédio moral. Para a professora Fátima, a competitividade e a lucratividade são alicerces da lógica capitalista que têm causado dano à saúde do trabalhador. “O conflito entre capital e trabalho continua firme e, nos últimos anos, o trabalho tem perdido feio para o capital”, afirmou.

O evento, realizado no auditório do MTE, também contou com a participação de representantes do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e Bradesco. Os bancos Itaú, Santander e HSBC também foram convidados, mas não compareceram, o que gerou várias críticas dos palestrantes. Ao todo, cerca de 50 pessoas estiveram presentes.

Cartilha do MPT – Durante o evento, o Ministério Público do Trabalho lançou a cartilha “Assédio moral em estabelecimentos bancários”, que divulga conceitos e exemplos para esclarecer a categoria e a sociedade sobre o problema. O material foi distribuído ao público e está disponível na internet, aqui.

Fonte:Seeb-PE

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