Bancários realizam protestos contra práticas antissindicais do Santander

04/08/2010 - Por Bancários CGR

Manifestações contra as práticas antissindicais do Santander foram realizadas nesta terça-feira, dia 3, em várias capitais de estados. O maior protesto ocorreu no Centro Administrativo Santander 1 (Casa 1), localizado na Rua Amador Bueno, zona sul de São Paulo, onde trabalham cerca de 1.600 pessoas, entre bancários e terceirizados, que paralisaram até as 10h, prestando solidariedade aos dirigentes sindicais que estão sendo perseguidos pelo banco.

A adesão dos bancários foi emocionante. Eles entenderam o caráter do ato de repúdio ao desrespeito do Santander contra os direitos dos trabalhadores brasileiros, afirmou o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo e coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, Marcelo Sá.

O presidente da CUT-SP, Adi dos Santos Lima, participou da manifestação ao lado de representantes de entidades, como os Sindicatos dos Bancários do ABC, Guarulhos e Jundiaí, além da Afubesp, Fetec-CUT-SP e Contraf-CUT. Adi criticou a postura do banco ao utilizar o interdito proibitório contra as manifestações.

A política do Santander remonta à época da ditadura militar, quando tentavam impedir que os trabalhadores se organizassem, lutassem por seus direitos. Isso nós não toleramos e exigimos que o Santander respeite as leis brasileiras da mesma forma que faz na Espanha. Aliás, é chegado o momento de saber qual é o papel dessa instituição financeira no desenvolvimento econômico do Brasil. disse Adi.

O Santander tem praticado em várias partes do mundo uma política colonialista. Só que os trabalhadores brasileiros não baixarão a cabeça e farão valer seus direitos. Exigimos e lutaremos por melhores condições de trabalho até que o Santander respeite seus funcionários não só no Brasil, mas em todas as partes do mundo, afirmou a diretora do Sindicato e funcionária do Santander, Rita Berlofa.

Mato Grosso

Em Cuiabá, o Sindicato dos Bancários de Mato Grosso realizou um protesto em frente à agência do Santander, condenando as práticas antissindicais do banco no Brasil e no mundo. Nosso protesto é a resposta contra as ações que o Banco vem tomando em desrespeito aos trabalhadores. As medidas antissindicais não podem continuar nem colocar em risco nossas ações sindicais em favor dos bancários. Um banco que lucrou mais de R$ 3,529 bilhões no primeiro semestre não pode usar medidas que vão contra os principais responsáveis pelos lucros, que são os bancários, afirma o funcionário do Santander e presidente do Sindicato, Arilson da Silva.

Contraf-CUT divulga carta aberta aos clientes

A Contraf-CUT divulgou carta aberta aos clientes, denunciando as práticas antissindicais do Santander. O documento foi distribuído em manifestações e reproduzido em sites das entidades sindicais, reforçando a mobilização dos bancários e pressionando o banco espanhol a mudar a sua forma de atuação.

O Brasil se igualou à Espanha no primeiro semestre, somando 22% do lucro mundial do grupo, e por isso é descabido o tratamento desigual aos trabalhadores, bem como a continuidade das práticas antissindicais e a recusa em negociar com a UNI Finanças o acordo marco global para garantir direitos fundamentais em todo mundo, destaca o funcionário do Santander e secretário de imprensa da Contrf-CUT, Ademir Wiederkehr.

Veja a íntegra da carta aberta:

BANCÁRIOS PROTESTAM CONTRA
PRÁTICAS ANTISSINDICAIS DO SANTANDER


Os bancários realizam manifestações nesta terça-feira, dia 3 de agosto, em protesto contra as práticas antissindicais do Santander. Em vez de acabar com esses tais procedimentos, o banco espanhol apela cada vez mais para medidas que atacam a organização dos trabalhadores.

Nos últimos anos, o Santander tem abusado no ajuizamento de ações contra os sindicatos, buscando o interdito proibitório, a fim de impedir o exercício do direito constitucional de greve. Além disso, várias agências têm chamado a repressão policial para evitar a ação de piquetes dos grevistas.

Em 2009, durante ato legítimo e pacífico dos bancários, dois dirigentes sindicais foram levados para uma delegacia em São Paulo, onde prestaram depoimento e liberados, após abertura de inquérito policial. Agora, o Ministério Público sugeriu a suspensão do processo, por dois anos, sob a condição de que os denunciados, durante tal período, compareçam mensalmente em juízo para informar e justificar suas atividades, bem como prestem, nos primeiros três meses de suspensão, seis horas de serviços à comunidade. Pode?

Outro exemplo ocorreu há duas semanas, também envolvendo o Santander mas, desta vez, acompanhado do Bradesco e da empresa terceirizada Fidelity. Um diretor da Contraf-CUT e cipeiro eleito, que por isso tem estabilidade no emprego, foi demitido pela Fidelity. Na dispensa, o representante da empresa afirmou que a demissão era de comum acordo com os dois bancos, principais contratantes da terceirizada.

Nos Estados Unidos, o Sovereign Bank, adquirido em 2009 pelo Santander, demitiu recentemente funcionários que estavam organizando a criação de um sindicato. Uma missão internacional da UNI Sindicato Global foi em julho até Boston, onde tentou se reunir com o presidente do banco, Gabriel Jaramillo, para discutir a reversão das demissões e o direito de sindicalização, mas não foi recebida.

Em março deste ano, a UNI lançou uma campanha mundial por um acordo marco global com o Santander, em São Paulo, como o objetivo de garantir direitos fundamentais para os trabalhadores em todos os países onde atua, como o direito à sindicalização e à negociação coletiva. Entretanto, o banco se recusa a abrir negociações, mantendo, assim, tratamento desigual para quem trabalha na Espanha e noutras partes do mundo.

As práticas antissindicais significam enorme desrespeito aos trabalhadores, principais responsáveis pelos ganhos do Santander. No primeiro semestre deste ano, o banco lucrou R$ 3,529 bilhões, um crescimento de 44,3% em relação aos R$ 2,445 bilhões da primeira metade do ano passado.

Com isso, o Brasil já tem o mesmo peso que a Espanha na geração de lucro para o Santander, o equivalente a 22% dos ganhos mundiais do grupo e a mesma fatia da matriz espanhola.

Por isso, os bancários exigem respeito e dignidade. A organização sindical não pode ter ingerência patronal e o direto de sindicalização precisa ser garantido sem retaliações, repressão ou discriminação. Basta de práticas antissindicais!

Outro Santander é preciso, com as pessoas em primeiro lugar.

Contraf-CUT, Sindicatos e Federações de Bancários

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