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Basta de juros altos! Centrais sindicais protestam na sede do Banco Central

09/12/2025

Copom se reúne entre hoje e amanhã para definir Selic, e a expectativa é que mantenha o índice em 15%, nível que penaliza a população e o desenvolvimento do país

Mesmo sob o tempo instável da capital paulista, que amanheceu com pancadas de chuvas, representantes de centrais sindicais realizaram um ato em frente ao Banco Central, na Avenida Paulista, nesta terça-feira (9), em protesto à política monetária conduzida pela entidade, nos últimos anos, e que tem feito com que o Brasil siga como um dos países mais caros para se viver da América Latina e líder do ranking das nações com as maiores taxas de juros reais do mundo (taxa real é o resultado da taxa básica menos a inflação).

"A gente protesta debaixo de sol, debaixo de chuva. Não importa o tempo! Os trabalhadores sempre estiveram, periodicamente, aqui, em frente ao prédio onde ocorrem os encontros do Copom [Comitê de Política Monetária] nos dias que antecedem às decisões sobre a Selic, para protestar por juros baixos. E hoje não seria diferente", destacou a bancária Erica de Oliveira, secretária de Comunicação e Imprensa do Sindicato de São Paulo, Osasco e Região (Seeb-SP) e coordenadora da COE Bradesco.

Com a realização do ato, próximo às festas de final de ano, os trabalhadores aproveitaram para exigir do presidente do Banco Central e um dos membros do Copom, Gabriel Galípolo, "um natal sem juros altos" ao povo brasileiro. "Esses juros não podem ficar como estão, beneficiando apenas especuladores que não investem no setor de produção, que não empregam os trabalhadores. É por isso que estamos na rua", arrematou Daniel Calazans, secretário-geral da CUT-SP.

Antonio Netto, bancário e representante da Fetec-SP na CEBB, também presente no ato, completou: "Essa taxa de juros é absurda, não favorece quem quer gerar emprego e renda, e impede os trabalhadores de realizarem seus sonhos, de adquirirem, consumirem mais e girar a economia".

Um dos principais argumentos do Copom para manter a taxa básica de juros no maior nível já registrado no país desde julho de 2006, portanto em quase 20 anos, é o controle da inflação, o que é fortemente questionado pelas centrais sindicais, considerando que os registros do IPCA, medidor de inflação do país, divulgado periodicamente pelo IBGE, apontam que o aumento de preços de bens e serviços seguem sob controle.

"A Selic elevada não é pra combater a inflação, é pra combater investimento em produção, combater a melhoria de vida do nosso povo. Neste momento, próximos às festas natalinas, o que o trabalhador exige são juros baixos, para ter um 2026 com mais dignidade, economia que gere emprego e crédito acessível. Mas o que temos hoje são juros que boicotam a economia e o desenvolvimento do país", pontuou Belmiro Moreira, secretário de Comunicação da CUT-SP e bancário do ABC.

Ruim para a povo, ruim para as contas públicas

Por influenciar a taxa de juros praticada por todo o sistema financeiro, a Selic alta contribui para elevar o custo de vida e de produção, tornando o país mais caro para se viver e para a criação de empregos. A Selic elevada também aumenta a dívida pública do governo federal, isso porque, os títulos emitidos pelo Tesouro Nacional são, em sua maioria, remunerados pela taxa básica de juros.

Cada 1% de aumento na Selic acrescenta em R$ 50 bilhões os gastos públicos com os títulos. E, segundo dados do próprio BC, no período de doze meses, concluído em setembro, os gastos da União com os juros desses papéis alcançaram R$ 984,8 bilhões (7,98% do PIB). No mesmo período do ano anterior, os gastos foram de R$ 819,7 bilhões (7,11% do PIB).

"Estamos falando de quase R$ 1 trilhão desviados para o rentismo, e que poderiam ter sido investidos na saúde, educação e infraestrutura", destaca a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Juvandia Moreira.

Leia também: Banco Central contribui com o aumento da dívida pública do governo

 

Fonte: Contraf-CUT

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