BCE corta juros e lança novo esquema de crédito conforme crescimento evapora

04/09/2014 - Por Bancários CGR

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Eva Taylor e Paul Carrel

FRANKFURT - O Banco Central Europeu (BCE) cortou as taxas de juros a novas mínimas recordes nesta quinta-feira 4, e lançou um novo programa para injetar dinheiro na combalida economia da zona do euro.

Em uma série de medidas que destacam a crescente preocupação com a saúde do bloco monetário, o BCE cortou sua principal taxa de refinanciamento para 0,05 por cento, ante 0,15 por cento, e levou sua taxa de juros overnight sobre depósitos para território ainda mais negativo, cobrando agora 0,20 por cento de bancos para deixarem fundos no BCE.

A zona do euro estagnou no segundo trimestre do ano e a crise ucraniana agora pesa consideravelmente sobre a confiança empresarial.

"O Conselho Diretor vê que há riscos cercando a perspectiva econômica para a zona do euro", disse o presidente do BCE, Mario Draghi, em entrevista à imprensa.

"Em particular, a perda do ímpeto econômico pode afetar o investimento privado, e riscos geopolíticos elevados podem ter mais impacto negativo sobre a confiança de empresas e consumidores".

As novas projeções econômicas do BCE estimam um crescimento mais lento neste ano, de apenas 0,9 por cento, com uma retomada para 1,6 por cento em 2015.

A previsão para inflação, hoje a apenas 0,3 por cento, foi cortada para 0,6 por cento, avançando para 1,1 por cento em 2015, ainda muito abaixo da meta do BCE de próxima porém abaixo de 2 por cento.

Draghi disse que caso pareça que a inflação permanecerá muito baixa por muito tempo, o Conselho do BCE é unânime em seu compromisso de usar outros "instrumentos não convencionais" --frase vista como código para impressão de dinheiro como fizeram o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, e o banco central britânico.Ele acrescentou que as decisões de quinta-feira não foram apoiadas por unanimidade por seus colegas, embora houvesse uma "maioria confortável".

Draghi também anunciou planos para um programa de compras de bônus cobertos e títulos lastreados em ativos (ABS, na sigla em inglês) para ajudar a facilitar as condições de crédito no bloco. Fontes disseram à Reuters que ele pode chegar a 500 bilhões de euros (650 bilhões de dólares) em três anos.

Títulos lastreados em ativos são criados por bancos, que combinam hipotecas e empréstimos corporativos, automotivos ou de cartão de crédito e vendem os instrumentos resultantes a seguradoras, fundos de pensão ou, agora, mesmo ao BCE.

Títulos cobertos são instrumentos semelhantes, mas os ativos de referência são isolados do emissor. Então, se o banco ficar inadimplente, os ativos continuam disponíveis, o que torna os títulos cobertos mais seguros que os ABSs.

"Na margem, (os cortes) podem ter algum efeito pequeno positivo na atividade e nos empréstimos bancários e talvez dar ao euro um outro empurrão para baixo", disse o economista-chefe para Europa da Capital Economics, Jonathan Loynes.

"Mas essas medidas não substituem a ação de política muito mais poderosa que parece cada vez mais necessária para evitar uma recessão renovada".

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