Além das metas, banco não dispensou alguns trabalhadores em grupos de risco e mães que precisam cuidar dos filhos durante a quarentena
Na manhã desta sexta-feira (20), o Bradesco divulgou um vídeo onde o presidente do banco, Octavio de Lazari Junior, relata as ações adotadas pela instituição de proteção ao coronavírus. No vídeo, ele diz que é importante falar de "gente, de saúde e de cuidado" mas, na prática, não é isso que o banco tem feito. Bancários têm denunciado a cobrança de metas abusivas, mesmo durante o surto da doença.
Segundo relatos, as cobranças ocorrem durante o dia todo, e os bancários têm de apresentar relatórios de clientes e vendas, ainda que as pessoas, por conta da pandemia, não estejam comprando nenhum produto financeiro e nem interessadas nisso no momento.
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"Enquanto o presidente diz que está preocupado com as vidas, na prática eles têm tornado a vida dos bancários um inferno. É desumano cobrar que as pessoas batam metas em um período como este, onde ninguém está pensando em comprar produtos bancários, mas sim em se prevenir, cuidar da sua saúde e de seus familiares", critica a dirigente sindical e funcionária do Bradesco, Sandra Regina.
Nas regionais Santa Cecília, Prime Leste II e Santana, por exemplo, a pressão psicológica tem feito com que bancários adoeçam, mesmo trabalhando em home office. Até na Rua do Gasômetro, primeira agência do banco a notificar um caso positivo do novo coronavírus, os gerentes não dão tregua aos trabalhadores em suas casas, com um volume desproporcional de cobranças.
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Banco não segue orientação do BC
O caso também é preocupante em algumas agências, que não têm álcool gel para a higienização das mãos de trabalhadores e clientes.
Além disso, em grande parte das agências do Bradesco não estão sendo adotadas medidas para a redução do número de clientes que entram nas unidades, a fim de evitar aglomerações, e nem foi apresentado pelo banco um horário reduzido de atendimento. Ambas medidas determinadas pelo Banco Central na quinta-feira 19, após reivindicação do Sindicato.
"Solicitamos ao banco que siga as recomendações do BC, reduzindo o período de atendimento presencial ao público e o fluxo de pessoas nas agências. E também reivindicamos que o Bradesco suspenda imediatamente a cobrança de metas e que seja condizente com seu discurso de cuidar das pessoas. Um primeiro passo é cuidar da saúde de seus próprios trabalhadores", reforça Sandra.
Alguns do grupo de risco não estão sendo liberados
Além das metas abusivas, alguns gerentes do Bradesco têm promovido um festival de desumanides contra os trabalhadores. Em algumas agências, eles não têm liberado bancários diabéticos ou hipertensos, mesmo que eles sejam considerados grupo de risco para o Covid-19. Em outras, mães e pais não estão sendo liberados para ficar com seus filhos, que precisam ficar em casa por conta da quarentena nas escolas.
Ambas as medidas foram reivindicadas pelo Sindicato à Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), que se comprometeu a orientar os bancos a segui-las. Veja aqui o que ficou acertado na reunião de segunda-feira 16 com a Fenaban.
"Em uma época de crise profunda como esta que vivemos, é desumano não compreender que pessoas tenham necessidades como essas, de cuidar da própria saúde, de cuidar da família. É preciso que, para além de qualquer coisa, os gestores do Bradesco sejam solidários para com seus colegas de trabalho. O Sindicato está atento a esses problemas e estamos cobrando do banco a solução imediata deles. O Bradesco não deve brincar com a vida de seus trabalhadores", ressalta a dirigente.
Fonte: Seeb-SP