Caixa aumenta metas de trabalhadores, prioriza grandes contas e esquece dos mais pobres
20/11/2020 - Por Bancários CGR
Empregados podem não atingir as metas e ainda correm o risco de perderem suas funções
"Tudo é feito para a gente se sentir um lixo". O desabafo é de L., um empregado da Caixa que preferiu não se identificar. Mas a frase reflete o sentimento de grande parte dos trabalhadores do banco público. O aumento abusivo das metas da Caixa tem deixado os empregados esgotados. Diante do cenário de pandemia e crise econômica, a Caixa obrigou os empregados a vender cartões, créditos, previdência e diversos outros produtos para uma população que está sofrendo com os impactos da crise. Há menos de 30 dias para fechar o balanço, os empregados podem não atingir as metas e ainda correm o risco de perderem suas funções.
A possibilidade de perder função em um momento de pandemia tem assustado muitos empregados. “Para muitos colegas a manutenção de suas funções depende da entrega dessas metas. Isso está criando uma alienação no empregado. Muitos dizem: vou fazer isso antes que coloquem alguém no meu lugar que faça", afirmou o L.
A falta de contratação também atinge diretamente os trabalhadores. Segundo L., os gerentes estão proibidos de auxiliar os colegas do atendimento, a fim de fechar as metas. "Metade dos trabalhadores estão destinados para atender esse contingente absurdo do auxílio emergencial. A outra metade, inclusive com mais capacidade e autonomia por ser gerente, é praticamente proibida de ajudar os colegas do auxílio emergencial para poder fazer resultado de campanha". A Campanha que L. se refere é a Campanha Reta Final 2020, lançada pela Caixa com os objetivos de vendas do banco para o final do ano.
Para o trabalhador, deixar de atender o setor social, área que faz parte do DNA do banco, e de fazer pequenos negócio, priorizando as grandes contas, é a morte da Caixa. E sem novos empregados, quem sofre é a população. "Fila pelo lado de fora, aglomerações. Enquanto isso, o atendimento gerencial está com a mesa vazia porque o gerente tem que ficar ligando para clientes para conseguir resultados", ressaltou.
Contratar mais trabalhadores é investir na eficiência da Caixa, avalia o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto. Para ele, é absurdo o que a direção da Caixa está fazendo com os empregados. “O que a Caixa está impondo aos trabalhadores é irracional. Muitos colegas estão adoecendo por conta dessas metas. E se a Caixa não contrata mais trabalhadores, o peso fica ainda maior. Temos um déficit de 17 mil empregados e outros sete mil podem sair no PDV lançado neste mês”, afirmou Takemoto.
O trabalho das entidades
O movimento sindical e a Fenae estão atentos ao descaso e desrespeito da Caixa em relação aos empregados. A reivindicação para reduzir a meta vem sendo feita pela Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa) desde o início da pandemia. Diversos ofícios já foram enviados cobrando a direção do banco, mas sem respostas.
Durante a Campanha Nacional 2020, o assunto também foi tratado. O pedido foi para que a Caixa deixasse de cobrar as metas enquanto perdurar a pandemia.
“É uma falta de respeito o que a Caixa está fazendo com os empregados. A pandemia não acabou, estamos vendo os números aumentarem novamente, e os empregados trabalharam a exaustão durante todo esse período. Além disso, eles precisam ouvir o presidente da Caixa falar de férias de verão, com os trabalhadores adoecendo nas agências”, afirmou a coordenadora da Comissão, Fabiana Uehara Proscholdt.
As férias de verão citada por Fabiana se referem ao vídeo gravado pelo presidente da Caixa, Pedro Guimarães, sobre a divulgação da antecipação do pedido de férias dividido em três períodos. "As condições de trabalho estão precárias e quem está nas unidades está trabalhando incansavelmente sem as devidas condições. Com essa "novidade" de metas absurdas no fim do ano só reforça o descaso que a Caixa está com seus empregados, como se tudo o que fizeram até o momento fosse desconsiderado. É uma palhaçada!", avaliou.
Fonte: Fenae