A defesa de melhorias das condições de trabalho, do Saúde Caixa e por mais transparência na gestão marcou os debates da primeira negociação em 2019 com a Caixa Econômica Federal, realizada nesta sexta-feira (1), em Brasília (DF). Entre outras questões, os representantes dos empregados cobraram soluções para problemas como a contratação de mais empregados, fechamento de agências, descomissionamento.
“O banco, a exemplo do que ocorreu em 2018, não trouxe propostas concretas para a mesa de negociação sobre nossos questionamentos. A resposta para maioria dos pontos é que por enquanto as coisas continuam como estão”, destacou o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE), Dionísio Reis.
Na abertura da negociação, os membros da comissão realizaram um ato com cartazes e faixa em defesa da Caixa 100% pública e contra o fatiamento do banco.
Convocação de aprovados no concurso Sobre a declaração do presidente da Caixa de que pretende contratar concursados aprovados no concurso de 2014, os representantes da empresa argumentaram que a área de gestão de pessoas está realizando estudos e que, posteriormente, os resultados serão encaminhados para as instâncias de deliberação do banco. Ou seja, não há previsão de quando ou quantas pessoas serão realmente convocadas.
Sem contratações, o banco continua reduzindo drasticamente seu quadro de pessoal. Com a reabertura do Programa de Desligamento Voluntário Extraordinário (PDVE), mais 1.426 empregados se desligaram. Assim, conforme dados de 31 de dezembro, o banco tem 84.952 trabalhadores. “Está mais escancarado a cada dia o projeto em curso para desmontar a Caixa, que chegou a ter 101 mil empregados em 2014 e agora tem menos de 85 mil. Com menos trabalhadores, agências são fechadas. Quadro de pessoal e estrutura menores resultam em atuação menor da empresa”, avalia a representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) na CEE/Caixa, Fabiana Proscholdt.
A convocação dos aprovados no concurso de 2014 é uma antiga reivindicação dos trabalhadores e do movimento sindical, que consta no Acordo Coletivo de Trabalho de 2015, mas que nunca foi cumprida mesmo após intervenção do Ministério Público do Trabalho (MPT).
Condições de Trabalho Cobrada pela CEE/Caixa, o banco apresentou uma proposta de modelo de atuação dos fóruns regionais de condições de trabalho para 2019. Os representantes dos trabalhadores vão avaliar o documento e fazer os ajustes que forem necessários. Segundo a empresa, está assegurado o funcionamento dessas instâncias para debater os problemas que afetam diretamente as estruturas e relações de trabalho nas unidades.
A CEE/Caixa também fez questionamentos sobre o descomissionamento via Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP). “Nossa reivindicação histórica é pelo fim da GDP e a Caixa unilateralmente coloca o programa de desempenho para justificar descomissionamentos. Isso é inadmissível, um desrespeito ao que foi negociado na mesa”, disse Dionísio Reis.
PSI Os representantes dos trabalhadores cobraram também transparência e o fim das discriminações nos Processos Seletivos Internos. O coordenador da CEE lembrou que a criação dos PSIs foi uma conquista dos trabalhadores para combater as nomeações no banco.
“Antes mesmo da divulgação do resultado do PSI para a vice-presidência de logística e operações, a imprensa já divulgava o nome do brigadeiro da Aeronáutica Mozart Farias, como o escolhido para ocupar o cargo”, lembrou.
Gerentes de Canais de Atendimento Após cobranças em mesa de negociação, a Caixa anunciou que desde o dia 17 de janeiro já está disponível para os Gerentes de Canais de Atendimento (GCAN) o auxílio combustível para estes empregados utilizarem nas visitas aos parceiros e lotéricos. Essa é uma reivindicação histórica da categoria.
Saúde Caixa e Saúde do trabalhador Ficou definido na negociação com a Caixa a retomada dos debates de dois grupos de trabalhos paritários: GT Saúde Caixa, que deverá se reunir no dia 19 de fevereiro, e GT Saúde do Trabalhador no dia 20.
Dionísio lembra que a criação desses GTs foi fruto da pressão dos trabalhadores, para criar fóruns de debates para aprofundar e buscar soluções para questões que são extremamente relevantes para os empregados da Caixa. Na reunião do GT Saúde Caixa, por exemplo, serão debatidas questões como modelo de custeio e qualidade do atendimento. “Vamos reafirmar nosso posicionamento em defesa dos usuários do plano de saúde e de que o Saúde Caixa deve ser para todos”, acrescentou Dionísio Reis.
Para subsidiar os debates do GT Saúde do Trabalhador, a comissão entregou aos representantes os resultados da pesquisa Saúde do Trabalhador da Caixa 2018 realizada pela Fenae, e um conjunto de propostas para melhorar as condições de saúde dos empregados.