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Caixa: Fechamento de agências prejudica a todos

02/12/2025

Economia local, população e empregados são afetados com o enxugamento da estrutura da Caixa; de 2017 pra cá o banco fechou quase 200 unidades

O processo de fechamento de agências da Caixa Econômica Federal, iniciado em 2017 e drasticamente intensificado em 2024 e 2025, vem provocando um conjunto de prejuízos sociais, econômicos e trabalhistas em todo o país. Dados estatísticos compilados pelo Dieese mostram que a rede perdeu 196 agências desde 2017, passando de 3.404 unidades em 2015 para 3.208 ao final de setembro de 2025, com forte aceleração em 2024 (–113 agências) e em 2025 (–50 até setembro).

A redução da presença física da Caixa, responsável pela execução dos principais programas sociais do governo federal, prejudica a população mais vulnerável, desestrutura a economia local de municípios e bairros e penaliza duramente os trabalhadores do banco.

Impactos sociais

A Caixa é o braço operacional de políticas públicas essenciais do Governo Federal, como Bolsa Família, BPC, abono salarial, FGTS, Pronaf e diversos programas habitacionais. Em grande parte do país, especialmente em regiões remotas, pequenos municípios e áreas rurais, ela é o único ponto de atendimento bancário disponível.

O fechamento de unidades nestas localidades obriga famílias a percorrer longas distâncias para resolver questões que, muitas vezes, só podem ser tratadas presencialmente. Milhões de brasileiros que não têm internet, pacote de dados ou smartphone ficam simplesmente excluídos do atendimento.

“Cada agência fechada é uma porta do Estado que deixa de existir para quem mais necessita. O Brasil precisa de mais presença territorial da Caixa, não menos”, afirma o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Felipe Pacheco.

Comércio e serviços prejudicados

Além de comprometer direitos sociais, o encerramento de agências também afeta diretamente a economia local. Comerciantes, prestadores de serviços e microempreendedores dependem da presença física da Caixa para movimentar seus negócios: receber pagamentos, fazer depósitos, contratar crédito, sacar benefícios e atrair clientes que circulam na região.

Agências bancárias são polos de fluxo de pessoas. Quando uma unidade fecha:

  • Cai o movimento em lojas próximas;
  • Há redução das vendas de pequenos comércios e ambulantes;
  • Estabelecimentos de serviços, como mercearias, farmácias, padarias, papelarias e salões de beleza perdem circulação de clientes;
  • Micro e pequenos empreendedores têm mais dificuldade para acessar crédito e serviços financeiros.

Em diversas cidades, prefeitos e comerciantes têm relatado que o fechamento de uma agência provoca uma espécie de “esvaziamento econômico” do entorno, uma vez que a Caixa costuma funcionar como ponto de atração e circulação diária de centenas de pessoas.

“Não é só o atendimento bancário que desaparece. O comércio sofre, os serviços perdem movimento, e a economia de bairros inteiros fica fragilizada. A Caixa tem papel econômico local que não pode ser ignorado”, reforça Felipe Pacheco.

Perdas para os empregados

A reestruturação da rede também tem provocado prejuízos significativos aos trabalhadores. Embora a Caixa tenha se comprometido em mesa de negociações que nenhum empregado perderia função ou remuneração em decorrência do fechamento de agências, isso não tem se confirmado na prática.

Empregados transferidos para unidades que já possuem profissionais nas mesmas funções (caixas, tesoureiros ou gerentes) estão sendo descomissionados, perdendo gratificações e sofrendo redução salarial.

É inadmissível que colegas com décadas de compromisso com a Caixa tenham suas remunerações rebaixadas por uma decisão estrutural do banco. Isso descumpre o que foi pactuado na mesa de negociação e viola a dignidade desses trabalhadores.

Menos agências, mais sobrecarga e adoecimento
Com o crescimento do número de contas, beneficiários e operações, a manutenção do processo de fechamento aprofunda a sobrecarga, as filas e o adoecimento físico e emocional dos trabalhadores.

“A digitalização não substitui a necessidade do atendimento presencial, especialmente para clientes de baixa renda, idosos e moradores de regiões com pouca tecnologia disponível”, observa a representante da Fetec/PR na CEE, Samanta Almeida. “Fechar agência não é modernização. É abandono. A Caixa não pode se afastar das comunidades e deixar de cumprir sua função social obrigatória de atender a população”, completou.

Fechamentos acelerados

A política de enxugamento, iniciada em 2017, não apenas se manteve, mas se intensificou em 2024 e 2025, justamente em um momento de retomada das políticas públicas sociais do Governo Federal, revelando contradições internas na condução da estratégia do banco público.

As entidades representativas avaliam que o modelo atual sacrifica o papel social e econômico da Caixa em nome de reestruturações que não consideram o impacto nas comunidades e tampouco o papel da Caixa como banco público.

Suspensão do fechamento de agências

O movimento sindical defende:

  • Suspensão dos fechamentos de agências;
  • Recomposição da rede física e presença territorial;
  • Garantia de manutenção das funções e remunerações dos empregados;
  • Fortalecimento do papel da Caixa como motor econômico local e instrumento de políticas públicas.

“A Caixa é o coração das políticas públicas brasileiras e também um motor econômico das comunidades. Fechar agências enfraquece municípios, prejudica trabalhadores e afasta o Estado do povo. Isso precisa parar”, conclui Felipe Pacheco.

 

Fonte: Contraf-CUT

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