Caixa tem lucro recorde com ofensiva do governo de baixar juro e tarifa

20/02/2013 - Por Bancários CGR

altFolha de São Paulo
Toni Schiarretta

Maior aposta do governo Dilma para acirrar a concorrência bancária, a Caixa Econômica Federal encerrou 2012 com um crescimento de 42% no volume de crédito, de longe o maior ritmo do sistema financeiro, adquirindo um porte para ameaçar os rivais Itaú e Bradesco. No Bradesco, o crescimento foi de 11,5% e, no Itaú, de 9%.

Junto com o Banco do Brasil, a Caixa liderou um movimento de corte nas taxas de juros, tarifas e custos dos investimentos, que foi colocado em xeque no setor financeiro sob o argumento de risco de explosão dos calotes.

A inadimplência, no entanto, manteve-se estável, subindo de 2% para 2,08% -a menor do mercado, explicada pela concentração no crédito imobiliário, que tem baixo índice de atrasos. (o banco tem 71% desse mercado) No Bradesco e no Itaú, a porcentagem de calotes foi bem maior: 4,1% e 4,8%.

Para a Caixa, a combinação de forte expansão dos negócios e baixo calote resultou num lucro recorde de R$ 6,07 bilhões, 17% maior que o de 2011. O desempenho destoa do dos bancos privados, que tiveram queda nos lucros ou empataram com o obtido no ano anterior.

POLÊMICA

Para combater o mau atendimento, agilizar as operações e treinar o pessoal, a Caixa contratou duas consultorias -AT Kearney e McKinsey- que ajudam a rever todos os processos e o plano de carreira dos funcionários.

O banco enfrentava um gargalo tecnológico e decidiu comprar 22% da Capgemini Brasil por R$ 220 milhões e investiu R$ 60 milhões em uma parceria com a IBM.

Até então, a Caixa era o único banco grande que não tinha uma empresa de tecnologia. No total, os investimentos do setor somaram R$ 1,8 bilhões e devem saltar para R$ 3 bilhões em 2013.

Para crescer nesse ritmo, a Caixa recebeu R$ 22 bilhões do governo, incluindo R$ 5,4 bilhões de uma polêmica carteira de ações de empresas em dificuldades do BNDES.

Por outro lado, devolveu R$ 2,8 bilhões em dividendos à União e pagou R$ 5,1 bilhões em tributos.

Em 2012, o banco avançou na seara dos bancos privados e até do BB, oferecendo crédito mais barato e incentivando a transferência de clientes de outros bancos: conquistou 6,7 milhões de novos clientes.

Com isso, ampliou sua participação de mercado no crédito de 12,3% para 15% -em 2007, antes da crise, a fatia era de 6,5%. Para 2013, espera elevar essa participação para 18% e expandir os financiamento em 35%.

O banco estatal iniciou seu trabalho com grandes empresas e criou uma área de mercado de capitais que já figura nos principais projetos de infraestrutura do país.

Também se envolveu em polêmicas como o empréstimo de R$ 350 milhões para o frigorífico Marfrig (recusado pelos demais bancos) e hoje tenta receber R$ 712 milhões de um investimento feito no Grupo Rede, que está em recuperação judicial. Com o PanAmericano, perdeu R$ 170 milhões em 2012.

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