Carta do BB é afronta aos funcionários

20/09/2011 - Por Bancários CGR

Direção do banco justifica que pelo bem de seus acionistas, “qualquer benefício significa aumento no dispêndio da empresa”

São Paulo - “É inviável pensar em reajustes com base em índices proporcionais ao crescimento do resultado”. O trecho integra correspondência enviada pelo diretor de relações com funcionários e entidades patrocinadas do Banco do Brasil, Carlos Eduardo Leal Neri, a todos os bancários da instituição financeira.

A carta, enviada aos trabalhadores na tarde de quinta 15, versa sobre o Acordo Coletivo 2011, aditivo à CCT negociada entre a federação dos bancos (Fenaban) e o Comando Nacional dos Bancários, onde também se admitia que “o resultado do Banco do Brasil no primeiro semestre deste ano foi realmente muito bom e sabemos que foi alcançado graças ao trabalho árduo da corporação como um todo”.

No primeiro semestre de 2011 o BB lucrou R$ 6,3 bilhões. Somente com as receitas de prestação de serviços, que acumularam R$ 8, 5 bilhões, foi possível custear todos os seus gastos com pessoal, que foi de R$ 6,6 bilhões. Apesar disso a correspondência declarava que “não existem sobras no lucro do banco”.

O documento gerou indignação de trabalhadores que enviaram diversos e-mails ao Sindicato, denunciando a intransigência do banco. Para piorar, a carta chega em plena Campanha Nacional Unificada 2011 e demonstra o espírito dos banqueiros frente à mesa de negociação.

Enviada um dia após a segunda rodada de negociação específica entre o Comando Nacional dos Bancários e a direção do BB, a carta tentava sensibilizar os bancários – a quem chamam de ‘colega’ – pedindo competitividade a fim de agradar os acionistas com um eficaz “gerenciamento das despesas”.

> Leia a íntegra da carta enviada pela direção do BB aos funcionários

O diretor do Sindicato Cláudio Luis de Souza informou que os representantes do banco chegaram a ameaçar, durante negociação do dia 14, com a retirada de cláusulas do acordo aditivo, além de não apresentarem nenhuma proposta às reivindicações entregues pelos trabalhadores há mais de um mês. “Queremos negociar com seriedade e não estamos percebendo a mesma postura do banco. Isso mostra que os bancários terão de ampliar a mobilização para fazer com que a empresa negocie com seriedade”, afirmou o dirigente.

Licença para assediar - Outro pronunciamento do banco que revoltou os trabalhadores foi postado no blog criado pelo BB especificamente para tratar sobre a negociação coletiva. “O banco, por exemplo, não pretende renovar a cláusula de três avaliações negativas para a possibilidade de descomissionamento por desempenho. Ela não tem se demonstrado eficaz para a gestão”, declarou placidamente o negociador do banco, José Roberto Mendes do Amaral.  “É como se o banco dissesse: ‘trabalhador, queremos retirar uma cláusula que protege você para poder ameaçar, torturar, assediar com descomissionamentos caso não cumpram as nossas metas altíssimas’. É um absurdo se pensar nisso. Como se o bancário já não estivesse exposto a pressões desumanas”, indigna-se a secretária geral do Sindicato, Raquel Kacelnikas.

Ela explica que o banco, além de não cumprir o que foi acordado no aditivo que está em vigor, ainda planeja retirar direitos, desvalorizando seus trabalhadores que, como admite a própria carta, foram os principais responsáveis pelos ótimos resultados do último semestre. “Os trabalhadores de empresas incorporadas não tem direito à Cassi e a Previ e o plano odontológico levou anos para ser incluído, mas ainda precisa ser melhorado”, enumera.

Raquel afirma que boa parte das reivindicações dos bancários não é onerosa para o banco. “A questão do assédio moral, das metas abusivas, do descomissionamento e perda de função em caso de afastamentos médicos, por exemplo, não se justificam”.

Fonte: Seeb-SP

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