Citigroup anuncia que vai sair de operação de varejo em 11 países

15/10/2014 - Por Bancários CGR

Camilla Hall
Financial Times, de Nova York


Depois de anunciar ontem um lucro líquido de US$ 3,4 bilhões para o terceiro trimestre, que ficou aquém das estimativas dos analistas, o Citigroup anunciou que deixará de operar na área de banco de varejo em 11 mercados internacionais que incluem Japão, República Checa e Egito.

O banco americano, que agora vai oferecer serviços de banco de varejo em 24 mercados, registrou um crescimento de 6% no lucro do trimestre. A previsão dos analistas era de um lucro de US$ 3,5 bilhões. A receita cresceu 9% para US$ 19,6 bilhões, em comparação aos US$ 17,9 bilhões do terceiro trimestre do ano passado.

O lucro por ação foi de US$ 1,07, enquanto que os analistas previam US$ 1,13. Em uma base ajustada, o banco superou as estimativas de lucro por ação de US$ 1,12, apresentando um lucro de US$ 1,15. Ontem, a ação do Citi subiu quase 1% nos negócios realizados antes da abertura oficial do mercado de ações americano.

A reavaliação do alcance internacional do Citigroup está no centro da estratégia do diretor-presidente Mike Corbat para fortalecer a instituição e torná-la mais lucrativa. Em março de 2013 ele dividiu os negócios internacionais do banco em categorias diferentes, dependendo de sua importância para o banco.

"Estou comprometido com a simplificação de nossa companhia e a alocação de nossas fontes finitas para onde possamos gerar os melhores retornos para os acionistas", disse Corbat ontem.

A maioria dos mercados de onde o Citigroup está saindo, se encaixa no grupo das operações designadas como "otimizar e depois crescer", ou "otimizar/reestruturar". Outros mercados internacionais de varejo dos quais o banco está saindo incluem Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Nicarágua, Panamá, Peru, Guam, República Checa e Hungria. A operação de financiamento ao consumo do banco na Coreia do Sul também será afetada.

A abrangência global, outrora vista como um dos pontos fortes do Citigroup e outros grandes bancos como o HSBC, expôs os bancos a riscos regulatórios e financeiros e levantou dúvidas sobre a possibilidade dessas instituições serem "grandes demais para quebrar" e espalhadas demais para ser administradas.

Na esteira do terremoto de 2011 no Japão, o antecessor de Corbat, Vikram Pandit, disse: "Em mais de um século trabalhando no Japão, o Citi forjou relações profundas com o povo japonês. Ajudá-lo em sua hora de necessidade não é apenas uma obrigação, é um gesto sincero de gratidão e boa vontade para com nossos amigos e parceiros em um país que significa tanto para nós".

Corbat vem tendo um ano difícil, depois que o banco não passou nos testes anuais de estresse realizados pelo Federal Reserve (Fed), suspendendo o retorno de capital para os acionistas e enfrentando as consequências da descoberta de uma fraude em sua unidade mexicana.

A fraude, envolvendo os negócios com recebíveis do Banamex, levou à demissão de funcionários, mandados de prisão e investigações nos Estados Unidos e México. O executivo-chefe da unidade, Javier Arrigunaga, renunciou na semana passada por causa do escândalo, que afetou a unidade que já foi vista como a joia da coroa do Citi.

Em julho, o banco anunciou uma ajuda financeira a consumidores de US$ 7 bilhões para por fim a uma investigação do governo sobre suas vendas de títulos lastreados em hipotecas, quase que eliminando o lucro do segundo trimestre. O banco teve uma despesa legal de US$ 951 milhões no terceiro trimestre, em comparação a US$ 677 milhões no mesmo período do ano passado.

No trimestre passado, o banco teve uma despesa antes dos impostos de US$ 3,8 bilhões, reduzindo o lucro líquido para US$ 181 milhões, ante US$ 4,2 bilhões no mesmo período do ano passado.

A receita de negócios com renda fixa, câmbio e commodities cresceu 5% para US$ 3 bilhões, em comparação aos US$ 2,8 bilhões apurados no terceiro trimestre de 2013.

O diretor financeiro John Gerspach cumpriu sua promessa de lucratividade na Citi Holdings, que teve o segundo trimestre consecutivo de lucros. Na semana passada, o Citigroup encaminhou às autoridades uma solicitação de abertura de capital da OneMain Capital, sua operação de financiamento a consumidores de alto risco, avaliada em mais de US$ 4 bilhões, em uma cisão que vai encolher a Citi Holdings.

Fonte: Valor Econômico

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