Dados não mostram avanços e bancários cobram ação efetiva por igualdade
29/08/2011 - Por Bancários CGR
A Contraf-CUT, federações e sindicatos se reuniram nesta sexta-feira  (26) com a Fenaban para nova rodada da mesa temática de Igualdade de  Oportunidades, em São Paulo. Atendendo a reivindicação dos  trabalhadores, os negociadores dos bancos realizaram uma apresentação de  dados relativos ao Programa de Valorização da Diversidade. No entanto,  na avaliação dos bancários, os números apresentados são incompletos e  não apontam para uma melhoria da situação de desigualdade dentro das  empresas.
 
 Os bancos utilizaram os dados da Relação Anual de Informações Sociais  (RAIS) e abordaram especialmente a inclusão da população negra. Na  avaliação do movimento sindical, dados mais precisos poderiam ter sido  conseguidos em outras fontes, como a folha de pagamento das empresas,  permitindo uma leitura melhor sobre esse universo. Além disso, os dados  mostram que, desde a publicação do Mapa da Diversidade, houve pouca  ampliação da participação de negros.
 
 "Não temos o que comemorar", resume Deise Recoaro, secretária de  Políticas Sociais da Contraf-CUT. "Faltou ainda outros cortes na análise  dos dados, trazendo a situação por gênero, renda e função dentro do  banco. Os números não mostram se os negros melhoraram o salário médio  nem se ascenderam profissionalmente", completa.
 
 Os bancos também apresentaram números relativos ao Portal de  Oportunidades, serviço criado pela Febraban no qual candidatos podem  disponibilizar seus currículos para bancos que estejam contratando.  Foram recebidos 33 mil currículos, sendo 10 mil de pessoas negras. Os  bancos destacaram ainda que 21% dos negros inscritos possuem nível  superior incompleto ou nível educacional superior. Os currículos ficam  dois anos disponíveis e podem ser atualizados pela pessoa.
 
 O movimento sindical considera que o mecanismo vai na direção da  reivindicação de democratização do acesso às vagas no sistema  financeiro, privilegiando os meios públicos de contratação. "É  ferramenta interessante, mas que pode melhorar. Queremos ver resultados  concretos", avalia Deise. "Além disso, já vimos cobrando das empresas  que nível superior não deve ser critério para definir a contratação,  assim como não é para concursos públicos no setor bancário". O portal  prevê, entre outras coisas, atender a demanda de ações afirmativas, para  a inclusão de negros, negras e pessoas com deficiência.
 
 Ao bancos trouxeram também alguns resultados do programa de capacitação  de inclusão de pessoas com deficiência, já em sua segunda edição. São  atendidos 400 pessoas no programa, que se concentra somente em São  Paulo. Os bancários cobraram o pagamento do piso da categoria para estes  trabalhadores independentemente da jornada que desempenhem. "Além  disso, voltamos a cobrar que o programa seja estendido ao restante do  país", lembra Deise. As empresas admitiram a importância de abranger  outros estados.
 
 Relações compartilhadas
 
 Os bancários cobraram também a realização de uma campanha conjunta de  sensibilização sobre a licença-maternidade de 180 dias, conquistada  pelas bancárias na última campanha salarial. Os bancos defenderam que o  tema seja remetido à mesa de Saúde do Trabalhador, o que foi prontamente  rebatido pelos sindicalistas.
 
 "A maternidade interfere diretamente na carreira e remuneração da  mulher", explica Deise. "Queremos ampliar esse tema para discutir as  relações compartilhadas, que também abrange  a licença paternidade, a  divisão do trabalho doméstico e do cuidado com os filhos para  possibilitar a ascensão profissional das mulheres", diz.
 
 Os bancos afirmaram ainda que a campanha não seria necessária, uma vez  que a adesão das bancárias à licença de seis meses está acontecendo sem  problemas e já seria vista como uma coisa natural pelas empresas. Os  bancários solicitaram números de adesão à licença-maternidade por tipo  de licença (120 e 180 dias), o que os bancos se comprometeram a trazer  na próxima reunião.
 
 Mapa da Diversidade e outros temas
 
 Os trabalhadores cobraram a necessidade de se realizar uma nova edição  do Mapa da Diversidade, pesquisa realizada em 2009 que tornou clara a  discriminação no sistema financeiro. "A Febraban assumiu um compromisso  com todos os atores envolvidos na primeira edição de realizar um novo  censo a cada dois anos, mas agora estão querendo deixar de lado. Pra  nós, é fundamental a realização, para que possamos avaliar o que mudou  desde 2009, período em que um plano de ação foi implementado pelos  bancos para avançar", argumenta Deise.
 
 Os trabalhadores reivindicaram novamente das empresas a participação do  movimento sindical na grade curricular do programa de formação de  líderes promovido pela Febraban. Os bancos não concordaram com a  demanda, mas propuseram a participação de sindicalistas como alunos no  curso, a fim de avaliar os conteúdo e propor melhorias. O movimento  sindical aceitou a proposta, mas com a perspectiva de elaborar uma  proposta de intervenção que faça parte do curso posteriormente. "É  importante termos um espaço para levar a visão do movimento sindical  sobre os temas", diz Deise.
 
 Cobrados pelo movimento sindical, os representantes das empresas se  comprometeram a fazer um levantamento dos locais de trabalho que têm  interprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais). A reivindicação dos  bancários é que seja contratado um em cada local de trabalho, tanto para  facilitar a comunicação com funcionários quanto com clientes que  possuam deficiência auditiva.
 
 Foi definido ainda que a mesa temática de Igualdade de Oportunidades se  reunirá a cada três meses, para monitoramento dos dados e continuidade  do debate.
 
 Além de Deise Recoaro, participaram da reunião Neiva Ribeiro (Fetec/SP),  Magna Pinhal (Fetraf/MG), Iracini Veiga (Fetec/RJ e ES), Jair Sabudio  (Fetec/PR), Manoel Duque (Fetec CN), Conceição Bezerra (Fetec NE) e  Denise Correa (Fetrafi RS).
Fonte: Contraf-CUT
