Desemprego recua para 6,2% no trimestre e atinge a menor taxa da série histórica
27/06/2025
Empregos com carteira assinada batem novo recorde; Contraf-CUT destaca papel do Estado e defende políticas públicas para ampliar geração de empregos

A taxa de desemprego no Brasil recuou para 6,2% no trimestre encerrado em maio, o menor patamar para esse período desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, em 2012. Nos três meses anteriores, a taxa era de 6,8%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado representa uma queda de 1 ponto percentual (p.p.) em relação ao mesmo trimestre do ano passado, quando a taxa era de 7,1%.
Ao todo, 6,8 milhões de pessoas estavam sem emprego no país — uma redução de 8,6% em comparação com o trimestre anterior (7,5 milhões). Na comparação com o mesmo período de 2024 (7,8 milhões), a queda foi de 12,3%.
Já o número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiu um novo recorde: 39,8 milhões de pessoas. O total representa uma alta de 0,5% em relação ao trimestre anterior e um avanço de 3,7% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Segundo o analista da pesquisa do IBGE, William Kratochwill, o recuo na taxa de desemprego foi impulsionado pelo aumento no número de ocupados e pela queda nas taxas de subutilização. "Assim como nas divulgações anteriores, o mercado de trabalho segue aquecido, o que reduz a disponibilidade de mão de obra mais qualificada e aumenta a oferta de vagas formais", explica.
A Contraf-CUT avalia que os bons resultados são reflexo direto de políticas públicas voltadas ao fortalecimento da economia e da geração de empregos. “Nós, do movimento sindical bancário, reconhecemos todos os esforços do governo federal, do presidente Lula, em melhorar os índices da economia para pavimentar o caminho da geração de empregos. Essa política de Estado é fundamental. Se dependêssemos apenas do mercado, não veríamos esses avanços. É uma demonstração clara de que é preciso um Estado fortalecido, com políticas públicas robustas para garantir emprego e renda”, destaca o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT, Walcir Previtale.
Segundo Walcir, o movimento sindical também tem papel importante nesse processo. “A Contraf-CUT e o movimento sindical bancário vêm sempre apresentando propostas para garantir os empregos existentes e criar novas oportunidades com direitos. A gente precisa valorizar essas políticas públicas, porque os números mostram que o desemprego vem caindo, e isso só é possível com planejamento e atuação do Estado”, acrescenta.
Além disso, Walcir reforça a crítica à política de juros altos mantida pelo Banco Central, que impede um avanço ainda maior do emprego no país. “Se tivéssemos uma taxa de juros mais baixa, como defendemos há tempos, os números do IBGE poderiam ser ainda melhores. O Banco Central não pode atuar apenas com base nas metas de inflação. A própria lei determina que o emprego também deve ser considerado. Cada ponto percentual de alta nos juros encarece o crédito e desestimula os investimentos produtivos, travando a geração de emprego”, afirma.
Ele também ressaltou a importância do debate sobre justiça fiscal e tributária para viabilizar políticas públicas duradouras. “A Contraf-CUT defende uma justiça fiscal verdadeira. Os super-ricos, bilionários e banqueiros precisam contribuir mais. Só com essa redistribuição é que conseguiremos sustentar políticas públicas que promovam inclusão, emprego e desenvolvimento com igualdade”, finaliza.
O total de pessoas ocupadas chegou a 103,9 milhões no trimestre encerrado em maio, uma alta de 1,2% ante os três meses anteriores e de 2,5% na comparação anual. Já o nível de ocupação — proporção de pessoas ocupadas em relação à população em idade de trabalhar — foi de 58,5%, com alta de 0,6 p.p. em relação ao trimestre anterior.
Outro destaque da pesquisa foi a redução no número de desalentados — aqueles que gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar emprego. Esse grupo somou 2,89 milhões de pessoas, uma queda de 10,6% em relação ao trimestre anterior e de 13,1% na comparação anual. É o menor número desde 2016.
"Essa queda pode ser explicada pela melhoria consistente nas condições do mercado de trabalho. O aumento da ocupação gera mais oportunidades, que são percebidas por pessoas antes desmotivadas", afirma William, em nota oficial.
A taxa composta de subutilização da força de trabalho — que inclui pessoas que poderiam estar trabalhando, mas não estão — foi de 14,9%, com queda de 0,8 p.p. na comparação trimestral e de 1,9 p.p. em relação ao ano anterior.
Veja os destaques da pesquisa:
- Taxa de desocupação: 6,2%
- População desocupada: 6,8 milhões
- População ocupada: 103,9 milhões
- População fora da força de trabalho: 66,7 milhões
- População desalentada: 2,89 milhões
- Empregados com carteira assinada: 39,8 milhões
- Empregados sem carteira assinada: 13,7 milhões
- Trabalhadores por conta própria: 26,2 milhões
- Trabalhadores informais: 39,3 milhões
- Taxa de informalidade: 37,8%
A taxa de informalidade, que representa a proporção de trabalhadores informais na população ocupada, foi de 37,8%, o equivalente a 39,3 milhões de pessoas. Houve queda em relação ao trimestre anterior (38,1%) e ao mesmo período do ano passado (38,6%).
De acordo com o IBGE, essa redução está relacionada à estabilidade no número de empregados sem carteira assinada (13,7 milhões) e ao crescimento de 3,7% no número de trabalhadores por conta própria com CNPJ.
Entre os dez grupamentos de atividades analisados, apenas o segmento de Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais registrou crescimento na ocupação em relação ao trimestre anterior.
“Esse grupamento tem uma característica específica nesse período, pois é quando se inicia o ano letivo. Consequentemente, há demanda por profissionais de apoio, como professores, ajudantes, cuidadores, cozinheiros e recepcionistas”, explica o analista da pesquisa.
Fonte: Contraf-CUT