São Paulo – Cinco dias antes do Dia Internacional da Mulher, 8 de março, a gestão Cafarelli reconheceu em comunicação interna que o Banco do Brasil é um bom exemplo da ausência de mulheres em postos de destaque no mercado de trabalho. Apesar de homens e mulheres possuírem desempenho equivalente no Radar, a proporção feminina em cargos considerados de comando (presidente, vice-presidente, gerentes executivos, e superintendentes estaduais e regionais) é de apenas 11,7%, o menor índice entre todos os bancos brasileiros. Entre gerentes gerais e equivalentes, a proporção também é baixíssima: 17,7%.
“Admitir a não participação de mulheres em cargos decisórios não minimiza a responsabilidade da direção do BB ao ignorar ações pró-equidade de gênero, previstas desde 2015 em Convenção Coletiva de Trabalho. Fazer mea-culpa, afirmando que vai melhorar, é o mesmo que jogar para a torcida. Qual o motivo de não ter sido apresentada neste mesmo comunicado interno nenhuma medida prática por parte da gestão Cafarelli para combater a desigualdade de gênero?”, questiona a dirigente sindical e funcionária do Banco do Brasil Fernanda Lopes.
HeForShe – No final de fevereiro, o BB recebeu a visita da representante do movimento HeForShe, iniciativa mundial da ONU em prol da equidade de gêneros. Na ocasião, o banco, através do presidente Cafarelli e do Conselho Diretor, assumiu compromisso de apoio à campanha.
“Prova de que esse apoio não passa de discurso vazio é o fato de que o Conselho Diretor é composto inteiramente por homens. Ou seja, em cargos de indicação, nos quais demandaria pouco tempo e burocracia para aplicar a equidade, nada foi feito. Refletindo a política do atual governo, que também não se preocupa com essa questão. Fazer marketing explorando iniciativas sérias é mais um exemplo do tipo de gestão praticada pela atual direção do banco, na qual só o que importa é a imagem perante ao mercado e acionistas, e não boas condições de trabalho”, critica Fernanda.
Reestruturação – A dirigente lembra ainda que a reestruturação em curso no BB é outro bom exemplo, este não admitido pelo banco em seus comunicados, de como a direção da instituição trata suas funcionárias.
“Por conta da reestruturação, que inclui um processo de descomissionamento e realocação, chegaram ao Sindicato diversas denúncias de bancárias em licença-maternidade que desconheciam como ficaria sua posição no banco e, o mais grave, de gestantes bem posicionadas no TAO (Talentos e Oportunidades) que, ao chegarem às entrevistas visivelmente grávidas, eram informadas que o gestor simplesmente não tinha interesse em realocá-las no mesmo cargo”, relata Fernanda.
O Sindicato cobra da direção do BB que, além de reconhecer a desequilíbrio de gêneros nos cargos diretivos na instituição, respeite e assegure as posições de bancárias gestantes e em licença-maternidade durante o processo de reestruturação, conforme acordado em mesa de negociação. E que aplique medidas concretas que promovam a equidade no banco, uma vez que o percentual geral de homens (58,6%) e mulheres (41,4%) é praticamente equivalente.
Fonte: SP Bancários