Entidades representativas reafirmam cobrança por contratação imediata na Caixa
26/01/2021 - Por Bancários CGR
Medida é vista como necessária para permitir melhores condições de trabalho, combinada com melhor atendimento para a população
Na sexta-feira da semana passada (22), durante visita a João Pessoa (PB), o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, anunciou que o banco irá contratar mais 500 empregados em 51 cidades onde pretende abrir novas unidades. Segundo o gestor, que a cada dia adota iniciativas coladas à agenda de privatização da equipe econômica do governo Bolsonaro, a exemplo da criação do banco digital, o projeto em estudo é instalar novas agências em todos os bairros do país com população superior a 40 mil habitantes.
A coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), Fabiana Uehara Proscholdt, reitera que, em mesa de negociação com os representantes do banco, a CEE/Caixa, junto com a Fenae e a Contraf/CUT, vem cobrando a imediata contratação de empregados para permitir melhores condições de trabalho aos trabalhadores e, claro, melhor atendimento para a população. “O que temos cobrado da Caixa é o respeito aos seus empregados, que têm vivido no dia a dia das unidades um alto nível de carga de trabalho, com condições precárias e submetidos à pressão constante para obtenção de resultados através de metas desumanas”, denuncia. Ela lembra que esse quadro se mostra em âmbito nacional e tem sido a tônica da gestão Pedro Guimarães.
Segundo Fabiana Proscholdt, o trabalho excepcional dos trabalhadores durante a pandemia, com o pagamento do auxílio emergencial e de outros benefícios sociais, vem sobrecarregando o corpo funcional do banco público. “São jornadas extenuantes, metas desumanas e um déficit de 20 mil postos de trabalho. Tudo isso reflete no atendimento à população”, argumenta.
A demanda para aumentar o contingente de trabalhadores do banco é uma reivindicação histórica da Fenae e de outras entidades representativas. “Os empregados estão mais sobrecarregados e adoecidos a cada dia. Não adianta contratar 500 novos trabalhadores para unidades que serão pretensamente abertas e forçar a saída de mais de 10 mil bancários com planos de demissão e aposentadoria”, critica Sergio Takemoto, presidente da Federação.
Ele acrescenta: “Precisamos de mais empregados urgente. A Caixa perdeu quase 20 mil trabalhadores nos últimos 10 anos e não houve reposição de vagas até o momento. Então esse número ainda é muito pouco para suprir a carência de pessoal nas unidades de todo o país”.
Sergio Takemoto lembra que, nesta pandemia, ficou evidente a importância do banco público para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Mesmo assim, segundo ele, a Caixa desrespeita os empregados, que sozinhos atenderam mais da metade da população brasileira. “A falta de trabalhadores agrava não só a jornada diária dos bancários, mas compromete a qualidade de assistência à sociedade”, declara.
A Caixa encerrou 2014 com pouco mais de 101 mil empregados. Naquele ano, no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2014/2015, a direção do banco se comprometeu a realizar mais 2 mil contratações, o que elevaria o total para além dos 103 mil. De lá para cá, porém, mais de 19 mil deixaram a empresa, principalmente por meio dos planos de desligamentos “voluntários”. Não se sabe ao certo quantas contratações foram feitas, mas dos mais de 30 mil aprovados no último concurso público, menos de 10% foram convocados. Hoje, o contingente chega a aproximadamente 84.320 empregados.
Para a coordenadora da CEE/Caixa, como a redução gradativa do número de empregados tem deixado a categoria mais sobrecarregada e doente, não dá para permitir ações da direção do banco que visam enfraquecer a empresa e os trabalhadores. “O que está em jogo é a Caixa 100% pública e os direitos dos empregados”, conclui Fabiana Proscholdt.
Para lutar por mais contratações e menos filas, a Fenae e a Contraf/CUT iniciaram o trabalho de coleta de adesões a um abaixo-assinado, cujo objetivo é reivindicar a recomposição do quadro de empregados, que tem caído anualmente. A iniciativa foi adotada com base no entendimento de que, sem investimentos, o banco lida com a precarização dos atendimentos à população, enquanto, para os trabalhadores, o resultado é cansaço e adoecimento.
Fonte: Fenae