Resultado dos primeiros nove meses do ano representa crescimento de 20,4% na comparação com o mesmo período de 2018. Brasil segue liderando o resultado global do banco, com 29% de todo o lucro no mundo
O Santander apresentou lucro líquido gerencial de R$ 10,824 bilhões nos primeiros nove meses de 2019. Isso representa um crescimento de 20,4% em relação ao mesmo período do ano passado, e de 1,9% em três meses. O Patrimônio Líquido do banco totalizou R$ 73,683 bilhões. Assim, a Rentabilidade sobre o Patrimônio (ROE) alcançou 21,2%.
“O resultado extraordinário salta aos olhos considerando a crise econômica do país, resultado este alcançado a partir das práticas de juros e tarifas abusivas, acúmulo de trabalho e metas cada vez mais inalcançáveis para seus funcionários”, destaca a dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e bancária do Santander Lucimara Malaquias.
Brasil, líder em lucro para o grupo
Com esse resultado, o Brasil se mantém com folga na liderança do resultado global do grupo, sendo responsável por 29% de todo o lucro no mundo, que atingiu €6,180 bilhões. O resultado no Brasil é bem superior ao da Espanha, sede do banco, que fica em segundo lugar respondendo por 15% de todo o lucro global.
“Ao invés de reconhecer e valorizar os bancários brasileiros pelo resultado alcançado, o banco é reconhecido até na Justiça como uma empresa com práticas de gestão perversa e altamente prejudicial à saúde dos seus funcionários”, diz a dirigente, lembrando a condenação do Santander, na 3ª Vara do Trabalho de Brasília, em R$ 274 milhões, por metas abusivas e adoecimento mental dos trabalhadores.
Lucimara ressalta ainda que o banco tem o dever de dar contrapartida social aos brasileiros, uma vez que é concessão pública. “Ao invés disso, onera a Previdência Social do país devendo milhões e também por conta do alto índice de adoecimento dos funcionários.”
“Soma se a isso a suspeita de sonegação fiscal, diante da qual o banco fez acordo para escapar de uma condenação ainda maior”, acrescenta.
Empregos
Em doze meses (setembro de 2018 a setembro de 2019), o Santander abriu 1.646 postos de trabalho, chegando a setembro deste ano com 49.482 empregados. Também foram abertas 41 agências no mesmo período.
Mas a dirigente sindical alerta que, apesar do saldo positivo de empregos, o banco espanhol tem a prática perversa de demitir empregados adoecidos ou mais antigos, com os mais altos salários. “Em que pese o saldo positivo de contratações, o banco segue despedindo trabalhadores adoecidos, próximo do período de estabilidade pré-aposentadoria e salários mais altos das áreas. Ou seja, ele dispensa os trabalhadores mais antigos ou doentes e contrata jovens com salários mais baixos.”
Os dados do balanço mostram ainda que só com o que o banco arrecada com prestação de serviços e tarifas cobradas dos clientes (as chamadas receitas secundárias), o Santander poderia pagar quase duas vezes toda a sua despesa com empregados (folha de pagamento, treinamento, PLR, etc). A relação entre a receita de prestação de serviços (que variou 11,7% e totalizou R$ 14 bilhões) e a despesa de pessoal (que ficou estável, totalizando R$ 7 bi) ficou em 199%.
“No ano passado, com tarifas o banco pagava 180% da folha. Este ano já subiu para 199%. Ou seja, menores salários, tarifas mais altas. Em que pese a abertura de agências, movimento contrário à maioria dos bancos, as agências seguem reduzindo o quadro de funcionários, sobrecarregando os demais, e oferecendo um atendimento precário aos clientes, não por culpa dos bancários, mas como resultado da sobrecarga e das metas abusivas. Não por acaso, o Santander é um dos primeiros colocados nas reclamações do Banco Central”, lembra ainda Lucimara.
Fonte: Redação SPbancarios