Lucro dos bancos é do tamanho de 83 PIBs

18/02/2014 - Por Bancários CGR

altResultados do BB, Itaú, Bradesco e Santander equivale ao Produto Interno Bruto de países da África, Ásia e Oceania, mas se traduz em milhares de desempregados no Brasil

São Paulo - É possível imaginar que a soma do lucro de apenas quatro empresas – de um setor que conta com mais de uma centena de instituições – seja maior que tudo o que é produzido por 83 países?

Parece inacreditável, mas quando se trata do sistema bancário brasileiro, tudo é possível. O lucro dos maiores bancos do Brasil (Itaú, Bradesco, Santander e BB), que há décadas não para de crescer, chegou em 2013 a algo em torno de US$ 20,5 bilhões. Esse valor é maior que o Produto Interno Bruto (PIB) estimado para 83 países no ano passado.

O levantamento, feito com base em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), leva em conta nações principalmente da África, Ásia e Oceania. Os lucros foram divulgados em reais e convertidos em dólar considerando a cotação de quinta-feira 13, em reportagem do G1.

“Ou seja, toda a riqueza produzida pelos milhões de habitantes dessas mais de oito dezenas de nações ainda está longe do que lucram os bancos brasileiros, já que essa classificação leva em conta apenas os quatro maiores, quando o Brasil conta com 157 instituições financeiras”, destaca a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.

Para a dirigente, a questão não está somente no lucro exorbitante do setor, mas no retorno desse resultado para a sociedade.

“Enquanto outras empresas geram milhares de empregos no Brasil, os bancos passaram 2013 criando um exército de desempregados. Foram extintos 11.967 postos de trabalho somente nesses quatro maiores. Além do triste significado que cada demissão tem para o trabalhador e seus familiares, os bancos estão prestando um imenso desserviço à sociedade.” E explica: “o atendimento ao cliente é precarizado com menos bancários. E como há cada vez mais trabalho nos bancos e número reduzido de funcionários, o ritmo estressante faz crescer a quantidade de afastamentos por doença, com prejuízos inclusive para a Previdência do país”.

Para o Sindicato, é inadmissível que um setor com tamanha lucratividade, tire tanto da sociedade e devolva tão pouco. “O modo de gestão dos bancos no Brasil precisa mudar porque só eles ganham. Cobram juro alto, tarifas abusivas, fornecem pouco crédito para o desenvolvimento da economia. Esse é um setor crucial para o crescimento da nação e deveria atuar como tal”, completa Juvandia.

Devendo empregos - Num país que criou mais de 1,1 milhão de novos postos de trabalho, os bancos estão devendo muito.

Com lucro líquido de R$ 15,758 bilhões em 2013 (o maior da história de todos os bancos brasileiros de capital aberto, segundo a Economatica), o Banco do Brasil teve resultado 29,11% maior do que o registrado em 2012. No entanto diminuiu seu quadro de funcionários: passou de 114.182 em dezembro de 2012 para 112.216 trabalhadores, ou seja, redução de 1.966 trabalhadores. Está prevista em acordo aditivo conquistado pelos trabalhadores a contratação de 3 mil novos bancários.

Até a divulgação do lucro do BB, era o Itaú quem estava com a taça de maior da história dos bancos, com R$ 15,696 bilhões de lucro em 2013. O número, correspondente ao crescimento de 12,8% em relação ao ano anterior, traduziu-se na extinção de 2.734 postos de trabalho em 12 meses.

No Bradesco não foi diferente: o lucro aumentou 5,9% em relação a 2012, alcançando R$ 12,202 bilhões, mas foram fechados 2.896 postos de trabalho no ano.

O resultado no Santander não cresceu. O lucro da filial brasileira do banco foi de R$ 5,744 bilhões, 9,7% menor que o de 2012. Muito provavelmente reflexo dos 4.371 empregos a menos.


Fonte: Cláudia Motta/ Seeb-SP

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