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Maior banco privado, Itaú deve definir substitutos de presidente

01/09/2014 - Por Bancários CGR

Maior banco privado brasileiro, o Itaú Unibanco completa 90 anos no dia 27 de setembro (a data é do antigo Unibanco) sem ainda ter definido os sucessores de Roberto Setubal, o presidente que comandou dez aquisições, viveu os anos difíceis da estabilização e elevou o valor de mercado da instituição de US$ 4 bilhões para US$ 98,4 bilhões desde que assumiu o comando, em 1994.

Setubal, que completa 60 anos no dia 13 de outubro e deveria se aposentar agora, adiou por dois anos a sua saída de cena, tempo suficiente para definir o sucessor. Em abril de 2015, ele sai da presidência dobanco e fica apenas na holding (hoje ele acumula os dois cargos).

É quando serão conhecidos seus dois sucessores: um diretor-geral para o varejo e outro para o atacado, ambos com status de presidente, que se reportarão a ele.

O problema é que vários dos executivos mais graduados ou já se aposentaram ou vão se aposentar não muito depois de Setubal.

O assunto é ao mesmo tempo um dos mais comentados e o mais silenciado para observadores externos devido à sensibilidade do tema e ao espírito de sobriedade que impera no banco. A escolha dos sucessores contará com consultoria, provavelmente da McKinsey, que ajudou o banco na fusão com o Unibanco.

A situação do Itaú não difere da de empresas de todo o mundo com a longevidade dos executivos -forçados a sair no auge da carreira por questões estatutárias- e a dificuldade da nova geração para voos mais altos.

Essa dificuldade, segundo especialistas, é tanto fruto da falta de experiência no front de negócios (muitos encontraram prontas as organizações) como do pouco espaço dado pelos executivos graduados, mais preocupados em entregar resultados e sobreviver a sucessivas crises do que em delegar tarefas e formar sucessores.

O momento é delicado: o Bradesco, que apostou no avanço da classe C, cresce organicamente e se aproxima em porte do Itaú. Banco do Brasil e Caixa competem em preço e investem em atendimento, levando mercado.

Cotados

Maior acionista individual do banco, Milú Villela vinha preparando o filho Ricardo Marino, 40, para o posto.

Marino estudou engenharia mecânica na USP, fez MBA na Sloan School do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), estudou gestão de empresas familiares em Harvard e trabalhou no Goldman Sachs até entrar no banco, em 2002.

No Itaú, foi diretor de RH à época da fusão com o Unibanco e hoje cuida de toda a área internacional, setor visto como "laboratório" para trabalhar em um país de crédito maduro e juros baixos.
Marino, no entanto, é visto como pouco experiente para os desafios do cargo.

A família, ao mesmo tempo em que gostaria de vê-lo no posto, também teme expô-lo a ter sua liderança contestada dentro e fora do banco (pelo mercado). Quando Setubal assumiu o Itaú, era jovem, mas os tempos eram outros.

Até o início do ano, o nome mais cotado para o posto era o de Candido Bracher, 56, responsável pelobanco de investimento, que contribui com 1/3 do lucro do grupo.

Ele cumpriria uma espécie de mandato-tampão até que Marino estivesse mais confortável para o cargo ou que fosse definido um líder definitivo. Respeitado e sóbrio, Bracher vem se inteirando do dia a dia do varejo.

Outro nome bem cotado é o de Marcio Schettini, 48, oriundo do antigo Unibanco, que no ano passado assumiu praticamente toda a área de negócios voltados a não-correntistas do banco: cartões, seguros, veículos, crédito imobiliário, além da Redecard. Schettini tem fama de entregar resultado em todas as áreas pelas quais passa.

Devido à idade, Marco Bonomi, 57, à frente da rede de agências, deve ficar fora da disputa. Considerado "prata da casa", Bonomi retornou ao banco após lutar contra um câncer para ajudar a terminar a gestão de Setubal.

Com a disputa embolada, surge novamente o nome de Pedro Moreira Salles, 50, que hoje preside o conselho de administração, para assumir o dia dia do banco.

Até uma solução de fora é aventada, trazendo um executivo como Fabio Barbosa, hoje na Abril, para obanco. Barbosa presidiu o Real, o Santander e a Febraban.

Folha de S. Paulo
Toni Sciarretta

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