Maioria dos trabalhadores considera sindicatos importantes e quer carteira assinada, aponta Vox Populi
03/12/2025
Levantamento encomendado pela CUT e Fundação Perseu Abramo revela que 70% avaliam sindicatos como importantes ou muito importantes para a defesa dos direitos e melhoria das condições de trabalho

A pesquisa inédita "O Trabalho e o Brasil", conduzida pelo instituto Vox Populi, revela alto índice de aprovação e reconhecimento do papel sindical no país e, ainda, valorização da carteira assinada entre os entrevistados.
O levantamento, encomendado pela CUT e Fundação Perseu Abramo, com o apoio do Dieese, aconteceu entre maio e junho deste ano. Foram entrevistadas, presencialmente, 3.850 pessoas (das cinco macrorregiões do país) que compõe a População Economicamente Ativa (PEA) e a não-PEA, incluindo assalariados com o sem carteira, autônomos, empreendedores, servidores públicos e desempregados. A margem de erro é de 1,6 ponto.
Avaliação dos sindicatos
- 68% reconhecem o papel dos sindicatos na melhoria das condições de vida dos trabalhadores;
- 67,8% destacam a importância da negociação ou mediação entre os trabalhadores e as empresas;
- 67,1% avaliam a importância das entidades para a melhoria dos salários e condições de trabalho;
- 64,3% veem as entidades sindicais como defensoras dos direitos da classe trabalhadora; e
- 52% estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a atuação do sindicato.
Entre os jovens trabalhadores o reconhecimento sobre a importância dos sindicatos é mais levado (74,6%; 72,1%; 74,4%;71,4%, respectivamente), especialmente entre os jovens das regiões Nordeste (71,5%; 69,4%; 72,2%; 68,3, respectivamente) e Sul (69,6%; 70,8%; 68,6%; 66%, respectivamente).
A pesquisa aponta também que mais de 70% defendem o direito de greve, consideram legítimo participar de consultas públicas e votar em representantes que defendam sua categoria para cargos públicos.
Importância da CLT e perfil do empreendedorismo no país
Entre os pesquisados que se autodeclararam autônomos, 55,3% afirmaram que poderiam voltar ou com certeza gostariam de voltar a ser CLT, "porque teriam mais direitos e estabilidade". Entre os que trabalham no setor privado (maioria MEIs e PJ) e que já estiveram sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho, 59,1% afirmaram que, com certeza, voltariam a ser registrados como CLT, enquanto 30,9% disseram que poderiam retornar a ser CLT.
“Esses dados, de que mais da metade dos trabalhadores querem ter vínculo formal de trabalho com direitos garantidos pela CLT, mesmo diante da difusão do discurso anti-Consolidação das Leis do Trabalho, revela que muitos dos que se autodeclaram autônomos e empreendedores são empurrados para esta modalidade por conta da precarização do trabalho formal”, avalia Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT e vice-presidenta nacional da CUT.
Outro destaque da pesquisa é sobre as pessoas que se autodeclararam empreendedoras e autônomas.
“Identificamos que grande parte desses trabalhadores praticam o ‘empreendedorismo de necessidade’, que é associado à situação de informalidade e de baixos salários, ao contrário do ‘empreendedorismo de oportunidade’, ou seja, aquele motivado por uma demanda de mercado, não por uma necessidade de gerar renda para sobreviver”, completa Juvandia Moreira.
Entre os entrevistados que se declararam empreendedores e autônomo, a maioria, pela ordem, eram ambulantes ou sacoleiros; trabalhadores da construção civil (como pedreiros e pintores); cabelereiros ou barbeiros; comerciantes; cozinheiros; artesãos; técnicos de TI; manicures, depiladoras; mecânicos e faz-tudo ou "marido de aluguel".
Fonte: Contraf-CUT
