Mesmo com lucro de R$ 5,1 bilhões, BB não prioriza funcionalismo
16/08/2010 - Por Bancários CGR
Nem mesmo com o lucro líquido de R$ 5,1 bilhões o Banco do Brasil sinaliza com o cumprimento de acordos firmados anteriormente com seus funcionários. O incrível resultado apresentado pelo banco - quase 27% maior do que o montante alcançado no ano passado - é o retrato de uma política de metas abusivas e de um novo modelo de relacionamento com os clientes. Construída a partir de um esforço descomunal do corpo funcional, a fortuna obtida pela estatal no primeiro semestre de 2010 deveria ser utilizada para que o funcionalismo se considere parte importante da instituição.
Apesar da alta rentabilidade que o BB vem apresentando nos últimos anos, um grande abismo ainda separa a Gestão de Pessoas do cumprimento dos acordos assinados com os bancários. Além disso, as metas absurdas impostas pelo banco reflete a postura da atual direção da instituição. As metas abusivas para gerar um resultado expressivo demonstra a falta de sensibilidade do banco com a exaustão das pessoas e do processo produtivo adotado para alcançá-lo. O novo modelo de relacionamento com os clientes, que prioriza os de alta renda e os negócios em São Paulo, também aponta uma estratégia pouco útil à sociedade de forma geral, critica Eduardo Araújo, diretor do Sindicato e funcionário do BB.
Outro Banco do Brasil é preciso. Pessoas em 1º Lugar
Em relação ao atendimento, a ganância do banco em aumentar cada vez mais seus lucros também reflete na qualidade dos serviços oferecidos a clientes e usuários. Diariamente, milhares de pessoas reclamam com os funcionários das agências sobre a piora da qualidade do atendimento em face do custo imposto pelos juros e tarifas altas sem apresentar uma efetiva concorrência com os bancos privados, acrescenta Araújo, ao lembrar que o BB, como banco público, não deve visar apenas o lucro, e sim focar na oferta de crédito e serviços mais baratos à população.
Na luta para reverter a lógica perversa do sistema financeiro nacional - que escanteia trabalhadores, clientes e usuários - em busca de lucros exorbitantes, a Campanha Nacional 2010 dos bancários aprovou como slogan da mobilização Pessoas em 1º Lugar. Com o tema Outro banco é preciso, as atividades da categoria por melhores condições de trabalho destacarão a importância de priorizar as pessoas.
Resultado
O BB registrou lucro líquido de R$ 5,1 bilhões no primeiro semestre de 2010, com aumento do crédito e a queda da inadimplência. Os ativos alcançaram R$ 755,7 bilhões consolidando-se como o maior banco da América Latina em ativos totais. Índice de Basileia atinge 12,8% em junho e 14,3% em julho.
O banco encerrou junho de 2010 com patrimônio líquido de R$ 39,332 bilhões, 21,5% maior que em junho de 2009, quando era R$ 32,360 bilhões. O retorno sobre patrimônio líquido do trimestre foi de 31,5%, menor que o de 33,2% do segundo trimestre de 2009, porém maior que o do primeiro trimestre de 2010, de 28%.
O resultado bruto da intermediação financeira no segundo trimestre alcançou R$ 6,271 bilhões, 58,8% maior que o de R$ 3,950 bilhões no segundo trimestre de 2009.
No crédito para empresas, a carteira evoluiu 31,2% em 12 meses e 5,9% sobre o trimestre anterior, totalizando R$ 135,6 bilhões em junho de 2010. O crédito às pessoas físicas chegou a R$ 101,1 bilhões ao final do segundo trimestre de 2010, crescimento de 47,7% em um ano e de 6,3% no trimestre, superou a marca de R$ 100 bilhões, um recorde. Entre as linhas de crédito mais relevantes, destaque para o crescimento do crédito consignado que atingiu R$ 40,5 bilhões, expansão de 37,1% em 12 meses.
A carteira de crédito em conceito ampliado, que inclui garantias prestadas e os títulos e valores mobiliários privados, registrou R$ 349,8 bilhões no final do primeiro semestre, crescimento de 6,8% no trimestre e de 41,1% em 12 meses.
No trimestre, os índices de inadimplência do BB observaram uma tendência de queda intensificada, aproximando-se dos patamares observados em 2008. As operações vencidas há mais de 90 dias atingiram 2,7% da carteira de crédito. Houve ainda redução nas despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (PCLD) as quais acumularam R$ 2,9 bilhões no semestre, queda de 9,5% sobre o mesmo período do ano anterior. No semestre, o volume de recuperação de créditos correspondeu a 22,8% do volume baixado como perdas no período.
Fonte: Seeb DF, com informações da Folha Online, Agência Estado e Banco do Brasil