De forma unilateral e sem qualquer negociação com os trabalhadores, o Santander começa a implementar um projeto que vai acrescentar o papel de “agente comercial” no dia a dia de alguns caixas. O piloto foi iniciado no Rio Grande do Sul e Paraná e começou a ser implantado em São Paulo e Minas Gerais na sexta-feira 1º.
Em rede interna, o banco divulgou que o “agente comercial deve alavancar os resultados da carteira de pessoa física e de pessoa jurídica e, em dia de pico, vai atuar como caixa”. Também informou que possui aproximadamente 8 mil caixas em todo o país e que 10% deles serão escolhidos pela empresa para executar a nova função.
Para o Sindicato, a medida é ilegal, vai sobrecarregar os bancários e prejudicar ainda mais o atendimento ao público. A entidade enviou ofício extrajudicial ao banco requerendo a suspensão do programa e uma mesa de negociação para tratar do assunto. “Ocorre que o procedimento é totalmente ilegal, pois configura-se acúmulo de função quando o trabalhador, além de exercer sua função, exercer outras funções de outros cargos, de forma habitual, funções estas, que não foram previstas no contrato de trabalho”, diz o documento.
O trabalhador passará a ter dupla função e, portanto, dupla responsabilidade. Vão aumentar a sobrecarga e a cobrança. Ele passa a ter meta comercial para cumprir, mas como fica essa meta quando ele tiver de ficar no caixa? O Sindicato não é contra que o banco crie uma nova função para promover e treinar os trabalhadores, mas não podemos aceitar acúmulo de função. Além disso, a medida pode resultar em um aumento dos riscos de diferenças no fechamento dos caixas”, critica a diretora executiva do Sindicato e integrante da Comissão de Organização dos Empregados, Maria Rosani.
“Temos acordo para que caixas não cumpram metas. Com a medida, o Santander está desrespeitando esse acordo. Outro grande erro do projeto é que é o banco que vai indicar quem vai assumir o papel de ‘agente comercial’. Por que não deixa o funcionário decidir se quer a nova função?”, questiona Vera Marchioni, também diretora executiva do Sindicato e funcionária do Santander.
Atendimento –Vera lembra que a falta de caixas no Santander já é um problema antigo e será agravado. “O Sindicato já vem cobrando há tempos que o banco aumente o número de caixas, mas com essa medida, vai diminuir ainda mais.”
Maria Rosani destaca que o projeto também prejudicará clientes e usuários. “Os bancos em geral vêm numa ofensiva de expulsar os clientes das agências. Isso está errado: eles são concessões públicas e têm a obrigação de atender a população”, diz.
As dirigentes orientam os bancários envolvidos a denunciarem eventuais problemas ao Sindicato. “Para enfrentar essa nova situação precisamos do retorno e informação do bancário. Vamos acompanhar o processo de perto”, avisa Maria Rosani.
Fonte: Seeb-SP