O que os brasileiros podem esperar da economia?
04/02/2014 - Por Bancários CGR
Brasil tem a menor taxa de desemprego desde 2003, rendimento médio dos trabalhadores subiu quase 30% no período e dívida pública despencou
Brasil tem a menor taxa de desemprego desde a série iniciada em 2003 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice de 5,4% em 2013 vale para seis regiões metropolitanas (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo). Na comparação com 2003, quando a taxa foi estimada em 12,4%, a redução no número de desempregados no país foi de 7 pontos percentuais. Considerados somente os empregos formais, foram criados mais,de 20 milhões de postos de trabalho.
O rendimento médio real dos trabalhadores também subiu. Foi estimado em R$ 1.929,03, crescimento de 1,8%. Também na comparação com 2003, o poder de compra aumentou 29,6%.
A dívida pública (líquida), que era de 60,4% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 2002, chegou à casa dos 35% em 2013, possibilitando a liberação de mais recursos do governo federal para investimentos na infraestrutura nacional.
Afinal, números como esses apontam que a economia brasileira vai bem? Ou as previsões alarmistas divulgadas pela maioria dos noticiários econômicos é que estão certas? Em ano de eleição em outubro de 2014 o país volta às urnas para eleger presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais fica cada vez mais difícil avaliar essas informações.
Para Antonio Correa de Lacerda, professor doutor de Economia Política da PUC-SP, há exagero no pessimismo que só se explica por ser um ano eleitoral. Existe uma realidade de baixo crescimento no país, 2% ao ano é pouco. Mas, por outro lado, há a consolidação de um processo distributivo da renda, fruto das políticas sociais do governo.
A elevação da renda dos trabalhadores e a taxa de baixo desemprego indicam um cenário positivo para 2014 também na avalição do professor de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro João Sicsú. É a continuação de uma política que vem se repetindo ano a ano. E o mesmo se dá para a inflação. Temos uma inflação sob controle e moderada. São dez anos consecutivos (de 2004 a 2013) dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional e isso deve se repetir para 2014.
Potencial Outros dados apontam que o Brasil tem potencial para crescer. A inclusão de mais de 25 milhões de pessoas que saíram da situação de pobreza (entre 2002 e 2012) fez aumentar a demanda por uma série de serviços. Só o tráfego aéreo nacional cresceu 182,5%: em 2002 eram transportados 35,9 milhões de passageiros que chegaram a 101,4 milhões em 2012. O tráfego nas rodovias também aumentou, de 56,5 milhões de veículos em 2002 para 105,5 milhões dez anos depois 86,6% a mais.
Para fazer frente a todas essas novas necessidades criadas pela geração de empregos e pela inclusão social é preciso construir aeroportos, portos, estradas como já vem acontecendo que vão gerar outros milhares de postos de trabalho, opina a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira. Ou seja, o Brasil ainda tem uma grande trajetória de crescimento pela frente. Mas o governo precisa adotar algumas medidas, como voltar a reduzir juros de forma a estabelecer condições para que aumentem os investimentos em infraestrutura e em saúde educação. E também fazer a reforma tributária, taxando as grandes fortunas, os dividendos, para aumentar o volume de recursos para esses setores.
De acordo com Sicsú, o Brasil precisa entender que inflação não se combate só com taxa de juro. É um instrumento importante, mas está excessivo. O país tem de destravar gargalos para que o investimento público ganhe mais importância. O economista cobra uma política fiscal (gastos do governo e tributação) mais ousada. Tem de olhar para as necessidades da sociedade, como as melhorias no transporte público necessárias às grandes metrópoles, afirma, destacando que o aumento dos investimentos públicos amplia a confiança elevando também os investimentos privados.
O professor Antonio Lacerda concorda. Assim vamos ganhar mais competitividade para a economia ter um crescimento sustentável.
Fonte: Seeb-SP