Destaques Movimento Sindical Juros Altos Banco Central
Por que o Sindicato é contra a alta dos juros e como ela afeta sua vida?
21/05/2025

Durante todo o ciclo de alta dos juros conduzido por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central até o fim de 2024, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região denunciou as consequências dessa política para a economia brasileira.
Infelizmente, Gabriel Galípolo, sucessor de Campos Neto no BC, vem seguindo a mesma lógica à frente da instituição e cedendo à pressão do mercado, o que levou a taxa Selic a atingir 14,75% a.a. na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).
Diante da continuidade dessa política que fomenta a desigualdade social, uma vez que beneficia a elite rentista em detrimento daqueles que dependem do crédito para viver ou empreender, o movimento sindical mantém sua postura combativa e reforça sua posição ao denunciar os impactos negativos de uma taxa Selic cada vez mais elevada.
Os juros altos no Brasil representam um obstáculo significativo para o desenvolvimento econômico e para a vida dos trabalhadores. Enquanto o Banco Central mantém taxas elevadas, setores produtivos enfrentam dificuldades para investir, e a população se vê sufocada pelo endividamento crescente. Essa política monetária beneficia o mercado financeiro, mas penaliza quem produz e quem consome, aprofundando desigualdades e prejudicando a recuperação econômica. É urgente repensar essa lógica que privilegia poucos e penaliza a maioria.
Trava na economia
A taxa básica de juros (Selic), como o nome indica, tem impacto direto no juros cobrado em qualquer empréstimo. Dessa forma, todos os empreendedores passam a sofrer com juros mais elevados, dificultando investimentos para ampliação ou mesmo manutenção dos seus negócios. Isso resulta em menores níveis de emprego e de valorização salarial.
Ao mesmo tempo, donos de grandes volumes de capital passam a preferir o rentismo em vez de investimentos na economia real. Afinal, uma Selic alta garante retorno certo, sem os riscos de um negócio no setor produtivo. O resultado desse cenário é uma economia com o freio de mão puxado, ceifada de sua real capacidade de crescimento.
Prejuízo para os mais pobres
Um estudo recente divulgado pelo Valor Econômico, com base em dados do Serasa e outras fontes, aponta que o Brasil registrou 75,7 milhões de inadimplentes em março de 2025 — o equivalente a 46,6% da população adulta, ou quase metade dos brasileiros. Esse cenário é resultado direto da elevação das taxas de juros, que encarece o crédito e dificulta o pagamento de dívidas no cartão, empréstimos e financiamentos. Com isso, aumenta o endividamento e a inadimplência, afetando especialmente a saúde financeira da população mais vulnerável e reduzindo a capacidade de consumo das famílias.
Dívida pública e inflação
O ciclo de alta da Selic tem sido mantido sob pressão do mercado financeiro, com a justificativa de conter a inflação. A última ata do Copom destaca um cenário externo adverso, marcado pela política comercial dos Estados Unidos e seus impactos nas cadeias produtivas globais. No plano interno, a ata destaca a continuidade do crescimento econômico, com atividade e mercado de trabalho aquecidos, além da expansão do crédito bancário e da política fiscal, fatores que, segundo o comitê, contribuem para pressionar a demanda.
A ata do Copom menciona ainda a questão dos preços dos alimentos. Entretanto, tal situação não pode ser encarada como questão de demanda. A problemática é global e está atrelada a fatores como questões climáticas que pressionam o resultado da safra anual, questões logísticas, falta de estoques reguladores e problemas estruturais de centralização agrária. Portanto, aumentar os juros não deixará a comida mais barata, inclusive, pode deteriorar a situação dos pequenos produtores rurais e ter efeito adverso.
Além de ser uma solução inadequada para a inflação, a alta dos juros tem um grave efeito colateral na dívida pública. A última decisão do BC, que subiu a Selic de 14,25% para 14,75% a.a., elevou a DBGG (Dívida Bruta do Governo Geral) em R$ 50,3 bilhões por ano. Este montante representa aproximadamente 71% do valor do pacote de cortes anunciado pelo ministro Fernando Haddad, em 29 de novembro de 2024, de acordo com os cálculos do próprio BC.
Fonte: Seeb-CGR com Seeb-SP