Protesto contra racismo nas Lojas Americanas

03/05/2011 - Por Bancários CGR

Ato na loja do centro de São Paulo reuniu cerca de 600 pessoas e foi resposta ao espancamento de um cliente negro, no Mato Grosso

São Paulo – Os bancários se juntaram à ONG Educafro, entidade que promove a inclusão de jovens negros em universidade, e a movimentos sociais, para protestar contra o ato racista de uma filial das Lojas Americanas, no Mato Grosso. A manifestação aconteceu no domingo 1º de maio, em frente à loja do Shopping Light, região central da capital, e reuniu cerca de 600 pessoas.

No dia 26 de abril o vigilante Márcio Antonio de Souza foi espancado por um segurança da loja em Campo Grande sob a acusação de furtar um ovo de chocolate que ele havia comprado numa outra loja. Segundo relato da vítima, o agressor não pediu a nota fiscal do produto comprado e ainda disse que ele era ladrão e por isso merecia apanhar.

O trabalhador foi submetido a exame no Instituto Médico Legal (IML), que constatou uma fratura no nariz, ferimentos nos olhos, além de lesões no lábio e no maxilar. O coordenador da Educrafo, frei Davi Santos, explicou que o objetivo do protesto era dialogar com o gerente. “Queríamos entregar uma carta pedindo reunião com o presidente das Lojas Americanas. Mas o gerente fechou a loja e chamou a polícia. Acho que isso gerou a confusão”, afirmou o frade ao site do Diário de São Paulo.

O bancário do Itaú Unibanco e diretor do Sindicato Julio César Silva Santos, que também participou da manifestação, afirma que o protesto deveria transcorrer de forma pacífica, mas a atitude do gerente que se recusou a dialogar e chamou a polícia causou tumulto. “A polícia chegou de forma truculenta não respeitando assim nosso direito à livre manifestação. Um tenente quis prender uma companheira, que apenas participava do protesto.”

O diretor do Sindicato ressalta ainda que a cobertura feita pela grande mídia do protesto tentou culpar os integrantes do movimento como responsáveis por um tumulto que ocorreu no Centro. “No jornal Diário de São Paulo, a jornalista conta a história que aconteceu no local da manifestação e no mesmo texto conta que uma viatura que passava na Praça da Sé foi atingida por pedras atiradas pelos manifestantes. Nosso protesto foi no Viaduto do Chá e depois seguimos para o Vale do Anhagabaú onde acontecia o ato do 1º de maio organizado pela CUT, portanto não tínhamos nada a ver com o que aconteceu na Praça da Sé”, diz Júlio César.

A reivindicação do Sindicato e dos demais manifestantes, junto às Lojas Americanas, é uma reunião com o presidente da empresa, indenização ao vigilante, exposição nas prateleiras das lojas de 20% de bonecas negras e treinamento antirracista.

O Sindicato constatou que nas Lojas Americanas, do Shopping Light, onde ocorreu o protesto, não existem trabalhadores negros. A assessoria de imprensa da empresa foi procurada, mas até o fechamento dessa edição não deu retorno.

Fonte: SEEB-SP

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