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Sindicalismo internacional denuncia violência contra trabalhadores colombianos

25/11/2021 - Por Bancários CGR

Governo de extrema direita utiliza violência para tentar implementar pacote neoliberal e promover corte de direitos dos trabalhadores
 
 
Entidades sindicais de todo o mundo, comprometidas com os direitos humanos das famílias dos trabalhadores colombianos, realizaram entre segunda (22) e terça-feira (23) um Fórum internacional para dar mais visibilidade ao combate à violência e em protesto aos ataques à paz, vida e democracia na Colômbia.

O secretário-geral da UNI Américas, Marcio Monzane, explicou que o Fórum debateu uma agenda para o próximo governo. “Esperamos que seja um governo progressista e que discuta a inclusão social, o trabalho decente, a formalização do trabalho, o direito à aposentadoria e o acesso à seguridade social”, disse.

Para o secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), do Brasil, Roberto von der Osten, na Colômbia, assim como no Brasil, os trabalhadores enfrentam um governo neoliberal que ataca direitos do povo, menospreza o meio ambiente, não respeita direitos humanos e usa a repressão policial de forma violenta, pretendendo abafar as vozes das oposições. “As organizações sindicais do mundo vêm denunciando para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) esta face do governo de extrema direita de Iván Duque, mostrando com profusão, em filmagens feitas por cidadãos em celulares, a violência absurda da polícia e do exército. Este evento é, mais uma vez, uma tentativa para dar visibilidade à continuada violência que persegue e mata manifestantes e dirigentes sindicais colombianos que lutam pela paz, pela vida e democracia”, disse.

O Fórum Internacional #PazVidaDemocracia foi organizado pela Central Sindical das Américas (CSA-TUCA), UNI Américas, IndustriALL Global Union, Public Services International (ISP- PSI), Centro de Solidariedade Sindical da Finlândia (SASK), International Transport Workers (ITF Américas), Building and Wood Worker’s International (BWI), Central Unitaria de Trabajadores (CUT) da Colômbia, e pela Confederación de Trabajadores (CTC) da Colômbia. Os debates giraram em torno de quatro temas principais: Democracia e Construção da Paz; Criminalização dos Protestos: solidariedade ao movimento sindical e social da Colômbia; Rechaço às reformas neoliberais: justiça social, econômica e ambiental; Direitos Trabalhistas: Agenda sindical 2022.
 

Economia acima da vida

 

“No último dia do fórum, os palestrantes relataram que é um exemplo para o mundo o que ocorre na Colômbia, onde podemos ver o que acontece quando um governo coloca o modelo econômico acima das pessoas. A sociedade empobrece muito”, relatou o secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT.

A Colômbia é o terceiro país das Américas com a maior desigualdade de renda com mulheres, povos indígenas e com as comunidades rurais, que foram profundamente afetadas pelos anos de conflito. “E tudo fica mais difícil quando a violência policial do governo e das milícias mata seguidamente lideranças sociais e opositores do governo”, lamentou von der Osten.

O fórum denunciou ainda que, na Colômbia, ocorrem seguidas ações de lawfare. Os dez governadores da oposição, diversos senadores, deputados e vereadores, estão sofrendo processos administrativos e judiciais.

A palavra “lawfare” é uma combinação das palavras “law” (lei) e “warfare” (Estado de guerra). Uma tradução literal aproximada para “lawfare” seria “guerra jurídica”. Usam a lei como instrumento de guerra e destruição do outro, onde não se respeita os procedimentos legais e os direitos do indivíduo que se pretende eliminar, dando a esse procedimento aparência de legalidade, geralmente com a ajuda da mídia, além dos agentes da lei.

Observadores internacionais

Os sindicatos apoiadores do evento relataram a necessidade de haver um grande número de observadores internacionais nas eleições de março de 2022, sob risco de fraude e manipulação.

A UNI vai convocar todos os sindicatos afiliados na região para organizar uma missão de observação das eleições na Colômbia com, pelo menos, 100 dirigentes sindicais durante o período eleitoral e espera contar com o apoio dos bancários do Brasil nesta missão. “Os dirigentes sindicais brasileiros sabem dos impactos do lawfare numa eleição e podem ajudar muito no controle do processo”, afirmou o secretário-geral da UNI Américas.

Histórico de violência

No dia 28 de abril de 2021, o Esquadrão Anti-Motim (Esmad) atacou violentamente manifestantes que protestavam contra o pacote neoliberal de Iván Duque, presidente de extrema direita da Colômbia, que aumentava impostos e propunha reformar o sistema de saúde tornando o sistema mais privatizado ainda.

Milhões de colombianos saíram às ruas para expressar seu descontentamento com o governo, apesar do auge da pandemia, da companha contra a Greve Nacional promovida pelos meios de comunicação e da tradicional violência policial governamental contra manifestantes.

O Observatório de Direitos Humanos afirma ter recebido denúncias de inúmeras violações e abusos cometidos por policiais, enquanto a Federação Colombiana de Trabalhadores da Educação (Fecode), uma das organizações que liderou os protestou, relatou 1089 casos de violência policial, 726 prisões arbitrárias, 27 mortos e seis atos de violência sexual cometidos pela repressão.

Novamente, no dia 28 de setembro, o Exército colombiano voltou a intimidar e reprimir jovens estudantes da Universidade Industrial de Santander, em Bucaramanga, que comemoravam os cinco meses desde a Greve Nacional de abril, tratando os manifestantes pacíficos como se estivessem em uma guerra.

Fonte: Contraf-CUT

 

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