Trabalhadores rechaçam alta da Selic e cobram investimentos

26/11/2013 - Por Bancários CGR

Protesto em frente ao Banco Central, em Brasília, contra aumento da Selic. Copom decide rumos da taxa básica de juros em reunião que termina na quarta-feira

São Paulo - Favorecer o capital especulativo ou promover o crescimento da produção e da economia do país. Em linhas gerais é entre uma coisa ou outra que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidirá nesta terça e quarta-feira ao optar, no primeiro caso, por um novo aumento da taxa básica de juros, a Selic, ou mudar a postura das últimas cinco reuniões e determinar sua queda.

“O aumento da Selic só favorece o capital rentista e os bancos, que detêm cerca de 30% da dívida pública e são altamente remunerados com a elevação dos juros. Mas prejudica a economia brasileira, a produção, os investimentos no país. É ruim para os trabalhadores e para toda a sociedade”, avalia a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira. A entidade estará ao lado da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em manifestação pela queda da Selic, em frente à sede do Banco Central, em Brasília, nesta terça-feira.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, lembra que o governo federal apostou certo quando iniciou processo de redução da Selic, que de 10,5% no início de 2012 desceu até 7,25% em março de 2013. Depois disso, no entanto, voltou a subir até atingir os atuais 9,5%. “A presidenta Dilma fez uma das coisas mais importantes da história do Brasil quando enfrentou os banqueiros e baixou a taxa de juros. Agora, voltou atrás. E só os rentistas ganham com isso. Eles não produzem nada, só ganham com especulação financeira”, ressalta.

Só este ano, a Selic subiu 2,25 pontos percentuais sob a justificativa da elevação da inflação. Como faz girar a dívida pública, esse aumento leva a um custo adicional de cerca de R$ 40 bilhões anuais para os cofres da União, montante que representa quase duas vezes o orçamento anual do programa Bolsa Família. “A sociedade perde porque parte considerável do dinheiro público, ao invés de ser destinada à saúde, educação, ao saneamento básico, por exemplo, vai para pagar e remunerar os detentores da dívida pública, ou seja, as instituições financeiras”, critica Juvandia.

Juros bancários – Outro problema, aponta a dirigente, é que com a Selic elevada, os bancos acabam por aumentar ainda mais suas já altas taxas de juros, ou seja, passam a cobrar mais pelo crédito concedido aos clientes. Desde dezembro de 2012, a taxa de juros média da economia brasileira passou de 18% para 19,5% ao ano. Para pessoa física, subiu de 24,3% para 25,5% ao ano. “A relação crédito/PIB no Brasil é bem mais baixa que nas economias desenvolvidas e juros altos dificultam ainda mais o acesso ao crédito”, destaca Juvandia. Em países como China, Suécia e EUA, a relação crédito/PIB chega, respectivamente a 131,60%, 138,47% e 192,42%, enquanto que no Brasil é de 55,5%.

“Para que a economia volte a crescer num ritmo mais elevado, para que se aumente o consumo, a produção e os empregos é muito importante que o Copom interrompa o ciclo de alta na Selic. Esse é o recado que os trabalhadores darão ao Banco Central em Brasília”, completa a dirigente.

Fonte: Seeb-SP

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