Trabalhadores vão às ruas, nesta terça (4), para exigir queda na Selic
04/11/2025
Centrais sindicais convocam protestos na Av. Paulista, em frente à sede do Banco Central, a partir das 10h

A CUT e demais centrais sindicais convocam os trabalhadores para exigir a queda na taxa básica de juros da economia brasileira (a chamada Selic). O protesto está sendo organizado para esta terça-feira (4), quando o Comitê de Políticas Monetárias (Copom), do Banco Central (BC), voltará a se reunir para rediscutir o índice.
"Por que o financiamento no Brasil é tão caro? Por que quando um trabalhador financia um carro zero termina por pagar até dois ou três carros, mesmo tendo levado apenas um para a casa? E por que o nível da inadimplência é tão grande entre as famílias no país? É por causa da prática dos juros altos pelo sistema bancário brasileiro, induzido, em grande medida, pelo Banco Central, que mantém a Selic elevadíssima", explica a presidenta da Contraf-CUT e vice-presidente da CUT, Juvandia Moreira.
Atualmente, a Selic está em 15% ao ano. "Esse nível absurdo, de mais de dois dígitos, faz com que o Brasil lidere hoje o ranking dos países com as maiores taxas de juros reais do mundo. O que penaliza a população e trava a economia", completa o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT, Walcir Previtale. "Em resumo, a Selic elevada é um boicote ao desenvolvimento do país", arremata.
Os movimentos sindicais também apontam que a manutenção da Selic elevada colabora somente para o rentismo, termo para um sistema econômico em que poucos se apropriam dos recursos de muitos. Como os títulos da dívida pública no Brasil são, em sua maioria, remunerados pela Selic, os recursos financeiros que poderiam ser direcionados para a economia real, portanto à produção de empregos, acabam sendo desviados para o ganho fácil das aplicações financeiras.
Orientações para os protestos
4 de novembro: JurosBaixosJá!
* Ato na Sede do Banco Central - Avenida Paulista, 1804, 10h São Paulo/SP;
* Ação nas redes sociais: ocupar as redes com materiais, fotos e vídeos usando a hashtag #JurosBaixosJá.
Entenda
O Copom se reúne a cada 45 dias por dois dias consecutivos para, com base em avaliação do cenário econômico e na inflação, redefinir a Selic. Nos dois últimos encontros, realizados em julho e setembro, a entidade decidiu manter o índice em 15% ao ano.
"Não há dúvidas de que é, sim, possível reduzir a Selic. A inflação no Brasil não tem nada a ver com a taxa Selic, porque não é uma inflação de demanda (de uma economia superaquecida). A inflação de hoje é por elevação dos preços pelos oligopólios, ‘profit inflation’ (inflação gerada por elevação de lucros), para terem lucros maiores", explicou o economista e professor da PUC-SP, Ladislau Dowbor. "Ou seja, a taxa Selic nas alturas está gerando lucros para os mais ricos”, completou. “No Japão, por exemplo, a taxa básica de juros subiu (em julho passado) de 0,25% para 0,5% - essa é a ordem de grandeza. Aqui, no Brasil, a Selic em 15% não é política monetária, é uma apropriação indevida de recursos públicos, dos nossos impostos. Reduzir a taxa Selic vai redirecionar o dinheiro para investimentos produtivos, que é o que precisamos", observou Dowbor, reconhecido por pesquisas nas áreas de desenvolvimento econômico e sistemas financeiros nacional e global.
Fonte: Contraf-CUT
