ICV do Dieese sobe 0,91% em março e acumula 6,72% nos últimos 12 meses
07/04/2011 - Por Bancários CGR
A taxa de inflação na capital paulista apresentou forte aceleração entre  fevereiro e março, segundo levantamento divulgado nesta uarta-feira,  dia 6, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos  Socioeconômicos (Dieese). 
 
 No mês passado, o Índice do Custo de Vida (ICV) medido pela instituição  registrou variação positiva de 0,91%, o que representou uma aceleração  expressiva de 0,50 ponto porcentual ante a elevação de 0,41% de  fevereiro. No primeiro trimestre de 2011, o ICV acumulou elevação de  2,62%. Nos últimos 12 meses encerrados em março, a taxa acumulada  atingiu o nível de 6,72%.
 
 De acordo com o Dieese, os grupos que mais colaboraram com a inflação em  março foram Transporte, com alta de 2,34%; Habitação, com variação  positiva de 1,10%; e Alimentação, com avanço de 0,80%. Estes três grupos  representam 67,6% dos gastos familiares e, juntos, contribuíram com  0,85 ponto porcentual no cálculo do ICV do mês passado.
 
 No grupo Transporte, cuja participação no ICV foi de 0,37 ponto  porcentual, o destaque foi observado principalmente no subgrupo  Transporte Individual (alta de 3,17%), uma vez que o Transporte Coletivo  (0,60%) variou bem menos. Na parte individual, a alta foi verificada  nos combustíveis, cuja taxa passou de 1,28% em fevereiro para 5,20% em  março, com aceleração da ordem de 3,92 pontos porcentuais.
 
 Conforme o levantamento da instituição, o etanol mostrou alta acentuada,  de 10,20%, embora a gasolina (3,28%) também tenha apresentado forte  reajuste. No Transporte Coletivo, o aumento foi visto nos itens metrô  (2,69%), ônibus intermunicipais (3,96%) e trens de subúrbio (4,50%).
 
 Quanto à variação de 1,10% do grupo Habitação, o Dieese constatou que  ela foi mais acentuada no subgrupo Locação, Impostos e Condomínio  (1,82%), seguido de Operação (0,98%) e, com menor taxa apurada,  Conservação do Domicílio (0,21%). No período, apenas um item deste  grupo, de serviços domésticos (4,17%), colaborou com 0,12 ponto  porcentual no cálculo da taxa deste mês.
 
 Na Alimentação, o levantamento do Dieese mostrou que o subgrupo Produtos  in Natura e Semielaborados, com uma alta de 1,36%, foi o grande  destaque, com avanços expressivos nos segmentos de Peixes e Frutos do  Mar (30,61%), Legumes (10,34%) e Raízes e Tubérculos (7,53%), enquanto a  parte de Hortaliças apresentou recuo de 3,45% e a de Carnes caiu 1,98%.
 
 Entre os itens do subgrupo, o camarão apresentou aumento considerado  pela instituição como "extraordinário", de 76,67%, em virtude da  proibição da pesca nesta época do ano, segundo o Dieese. Também  mereceram maiores destaque as altas do tomate (18,54%), da vagem  (15,94%) e do quiabo (13,45%), entre os legumes; da cebola (15,15%) e da  batata (9,26%), entre as raízes e tubérculos; e do feijão (6,02%), na  parte de Grãos, que apresentou no mês uma variação positiva de 1,80%.
 
 Quanto aos demais grupos pesquisados pelo Dieese, também apresentaram  elevação em março os conjuntos de preços de Despesas Diversas (1,56%),  Vestuário (0,41%) a Saúde (0,24%), Educação e Leitura (0,16%) e Despesas  Pessoais (0,12%). No campo das quedas, Recreação mostrou recuo de 0,08%  e o conjunto de Equipamentos apresentou baixa de 0,13%.
 
 Inflação foi maior para os mais ricos
 
 A inflação para a população de maior poder aquisitivo foi mais  expressiva do que a registrada para a de menor renda na capital paulista  em março. Enquanto a variação média do indicador foi de 0,91% em São  Paulo, o índice específico para os mais ricos registrou taxa de 1,03% e o  que engloba o custo de vida dos mais pobres avançou 0,66%.
 
 Além do ICV geral, o Dieese calcula mensalmente mais três indicadores de  inflação, conforme os estratos de renda das famílias da capital  paulista. 
 
 O primeiro grupo corresponde à estrutura de gastos de um terço das  famílias mais pobres, com renda média de R$ 377,49. O segundo contempla  os gastos das famílias com nível intermediário de rendimento (média de  R$ 934,17). E o terceiro reúne as famílias de maior poder aquisitivo  (renda média de R$ 2.792,90).
 
 No primeiro, o ICV de março foi 0,23 ponto porcentual maior do que a  variação positiva de 0,43% do mês anterior. No terceiro, de renda maior,  a taxa de inflação foi 0,62 ponto porcentual superior à de fevereiro.  No grupo intermediário, o ICV passou de 0,40% para 0,75%.
 
 Conforme avaliação do Dieese, a expressiva alta média de 2,34%  apresentada pelo grupo Transporte teve como principal origem os  combustíveis e este detalhe afetou as famílias de forma crescente com o  poder aquisitivo. Com isso, o impacto para as famílias do primeiro  estrato foi de 0,16 ponto porcentual; para as dos segundo foi de 0,33  ponto; e para as do terceiro foi de 0,43 ponto porcentual.
 
 A instituição também destacou que, da mesma forma que Transporte, o  avanço médio de 1,10% do grupo Habitação, que teve origem na alta dos  Serviços Domésticos, afetou as famílias de forma crescente com seu poder  de compra. Para as do primeiro estrato, o impacto foi de 0,16 ponto  porcentual; para as do segundo, foi de 0,18 ponto; e, para as do  terceiro, de 0,30 ponto porcentual.
 
 Quanto à Alimentação, cuja alta média foi de 0,80%, as famílias mais  pobres sentiram mais o impacto. As contribuições foram as seguintes:  primeiro estrato (0,30 ponto), segundo estrato (0,19 ponto) e terceiro  estrato (0,23 ponto porcentual).
 
 De acordo com o Dieese, as somas das contribuições desses três grupos  responderam, praticamente, pelas taxas inflacionárias de cada estrato de  renda: 0,62 ponto porcentual para o primeiro estrato; 0,70 ponto para o  segundo; e 0,96 ponto porcentual para o terceiro. Os demais grupos  pouco variaram, não afetando as famílias de forma distinta, segundo a  instituição.
Fonte: Contraf/CUT com Agência Estado

