Proibir uso de celular nos bancos não impede visualização dos saques ou transações
12/04/2011 - Por Bancários CGR
A proibição do uso de celulares nas agências e postos de atendimento não impede a visualização dos saques em dinheiro dos clientes e a prática do crime de "saidinha de banco". A avaliação é do Coletivo Nacional de Segurança Bancária da Contraf-CUT, que critica as leis aprovadas em algumas cidades, como Salvador, Belo Horizonte, Campinas, Franca, Curitiba e Rio de Janeiro. No RS, o município de Canguçu também aprovou a proibição do telefone celular nas agências bancárias.
A proposta não previne a ocorrência do crime de "saidinha de banco", pois proibir o uso de celular não evita que terceiros possam visualizar as operações nos caixas. "A medida é inócua e viola os direitos constitucionais do cidadão", aponta o diretor Jurídico do SindBancários e titular da Comissão de Segurança Bancária da Fetrafi-RS, Lúcio Paz.
"O celular é hoje um importante meio de comunicação para os clientes, enquanto perdem tempo precioso nas intermináveis filas espera por falta de funcionários, bem como virou um instrumento de trabalho aos bancários para contatar clientes e usuários", salienta Ademir Wiederkehr, secretário de Imprensa da Contraf-CUT e Coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária. "Imagine ainda deixar, por exemplo, um médico incomunicável quando vai ao banco", complementa Ademir.
A proibição do uso de celulares já foi objeto de discussões em vários encontros de bancários e vigilantes, nunca sendo aprovada como reivindicação para combater a "saidinha de banco". A medida também não integra o modelo de projeto de lei municipal lançado em conjunto pela Contraf-CUT e Confederação Nacional dos Trabalhadores Vigilantes (CNTV).
Para o presidente do SindBancários, Juberlei Bacelo, "a solução passa pela ampliação dos equipamentos de segurança nos bancos, cujos lucros astronômicos permitem mais investimentos, e pela melhoria da segurança pública, o que também é possível".
Ao invés de proibir celulares, algumas cidades fizeram leis que determinam a instalação de biombos entre a fila de espera e os caixas. Em João Pessoa, após a vigência dessa legislação, os crimes de "saidinha de banco" praticamente desapareceram, segundo avaliação do Sindicato dos Bancários da Paraíba.
Especialistas em segurança defendem biombos
Conforme O Estadão, especialistas em segurança avaliaram que biombos de isolamento na boca do caixa e nos caixas eletrônicos teriam melhor resultado do que a proibição do uso de celular. "É mais simples e mais efetivo", afirma Nilton Migdal, consultor e especialista em segurança.
Com os biombos, frisa Migdal, a transação bancária de qualquer natureza ficaria somente entre o cliente e o banco. "Pode ser colocada uma câmera sobre o funcionário - se já não existir - que acompanhe todos os seus atos ao longo do dia", reforça o consultor.
A vida em primeiro lugar
A "saidinha de banco" provocou 9 das 23 mortes em assaltos envolvendo bancos em 2010 em todo país, conforme pesquisa feita pela Contraf-CUT com base em informações publicadas na imprensa. "A proteção da vida das pessoas precisa ser colocada em primeiro lugar", concluem os dirigentes sindicais.
Última atualização em Ter, 12 de Abril de 2011 12:59
Fonte: Sindbancários