Bancos negam garantia de emprego. Negociações continuam nesta quarta
31/08/2011 - Por Bancários CGR
As negociações da Campanha Nacional dos Bancários de 2011 começaram  nesta terça-feira 30, em São Paulo, com os bancos recusando-se a atender  as reivindicações apresentadas pelos trabalhadores: garantia de emprego  e ratificação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho  (OIT), o fim das terceirizações, a extensão do abono-assiduidade a  todos os bancários e a inclusão bancária sem precarização. As  negociações sobre emprego e reivindicações sociais continuam nesta  quarta-feira 31.
 
 O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT,  apresentou à Fenaban o resultado da Pesquisa de Emprego Bancário  relativo ao primeiro semestre de 2011 divulgado nesta terça-feira. O  levantamento, realizado desde 2009 pela Contraf-CUT e pelo Dieese,  mostra que, embora os bancos tenham criado 11.958 postos de trabalho nos  primeiros seis meses do ano, aumentou o número de desligamentos  (18.559), confirmando a estratégia das empresas de promover a  rotatividade para reduzir custos.
 
 > Veja aqui o resultado da pesquisa de emprego no primeiro semestre
 
 O Comando Nacional defendeu a necessidade de os bancos aceitarem a  Convenção 158 da OIT, que dificulta demissões imotivadas, para acabar  com a alta rotatividade, inadmissível no setor mais rentável da  economia, em que somente as seis maiores empresas apresentaram lucro  líquido de R$ 25,9 bilhões no primeiro semestre. 
 
 `Acordo precisa contemplar emprego`
 
 Os negociadores desdenharam da reivindicação de garantia de emprego,  afirmando que ela não é importante para a categoria. "Respondemos que  nossas consultas e pesquisas indicam o contrário, que os bancários estão  muito preocupados com o emprego, e deixamos claro que não será possível  fechar acordo este ano sem resolver essa questão", afirma Carlos  Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.
 
 O tema continua a ser discutido nesta quarta-feira, assim como a  terceirização no sistema financeiro, que vinha sendo debatida em mesa  temática desde o ano passado, mas se encontra atualmente num impasse. Os  bancários reivindicam o fim da terceirização dos setores de  compensação, tesouraria, caixa rápido, home banking, autoatendimento,  teleatendimento, cobrança, cartão de crédito e retaguarda.
 
 Em relação ao abono-assiduidade, os representantes dos bancários na mesa  de negociação defenderam o direito a cinco dias de ausências abonadas  por ano, que representam a diferença entre os dias efetivamente  trabalhados anualmente (365) e os pagos pelas empresas (360). Os  negociadores da Fenaban levarão a reivindicação aos bancos. 
 
 Inclusão bancária
 
 A proposta da categoria, aprovada na Conferência Nacional, é promover a  inclusão bancária de toda a população brasileira, de forma que todos os  serviços financeiros para a sociedade sejam prestados em agências e  postos de atendimento, oferecidos por bancários, garantindo a qualidade,  a proteção do sigilo bancário e a segurança, protegendo a vida de  trabalhadores e clientes.
 
 O Comando Nacional pediu aos bancos que se abstenham de aplicar as  recentes resoluções do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central,  que ampliaram a função dos correspondentes bancários no país. A Fenaban  disse que "correspondente não é banco", que não faz crédito e só  operacionaliza o crédito oferecido pelo banco. Mas os dirigentes  sindicais refutaram os argumentos, usando publicação recente de matéria  no jornal O Globo, em que a Associação Brasileira de Bancos informa que  os correspondentes executam a maior parte das operações de crédito.
 
 "Defendemos a inclusão bancária. Dissemos à Fenaban que todos os  brasileiros deveriam ter direito de ter conta em banco, com assessoria  financeira, sigilo bancário e segurança. E que os correspondentes não  fazem essa inclusão. Pelo contrário, eles excluem, porque estão sendo  usados pelos bancos para atender a população de baixa renda, reservando  as agências aos clientes mais abastados. Isso não é bancarização, é  precarização. Queremos transformar os correspondentes em pequenas  agências e postos de atendimento", propõe Carlos Cordeiro. 
 
 Venda responsável de produtos
 
 Os negociadores da Fenaban disseram que os bancos não vão assinar a  Declaração sobre a Venda Responsável de Produtos Financeiros, aprovada  pelo Comitê Diretivo da UNI Finanças, em junho de 2010, durante reunião  realizada em Copenhague, na Dinamarca. 
 
 A carta prevê, entre outras coisas, o fim das metas abusivas e a  garantia de uma "cultura interna de negócios e procedimentos  operacionais que conduzam à venda responsável de produtos" - o que  significa, por exemplo, evitar vender serviços e produtos que os  clientes não necessitam.
 
 As negociações sobre emprego continuam nesta quarta-feira, envolvendo  temas como jornada de trabalho, mais contratações, ampliação do horário  de atendimento, dentre outras.
Fonte: Contraf-CUT
