Jornada Internacional de Luta cobra respeito e valorização do Santander
07/08/2013 - Por Bancários CGR
 Os bancários das Américas realizam nesta quarta-feira (7) uma Jornada  Internacional de Luta no Santander, com manifestações em todos os países  onde o banco espanhol atua. O objetivo é denunciar o desrespeito aos  direitos dos funcionários, a pressão das metas abusivas para venda de  produtos, o assédio moral e o uso de práticas antissindicais.
Os bancários das Américas realizam nesta quarta-feira (7) uma Jornada  Internacional de Luta no Santander, com manifestações em todos os países  onde o banco espanhol atua. O objetivo é denunciar o desrespeito aos  direitos dos funcionários, a pressão das metas abusivas para venda de  produtos, o assédio moral e o uso de práticas antissindicais. 
 
 A atividade foi definida pela Rede Sindical do Santander, durante  reunião promovida pela UNI Américas Finanças e Coordenadora das Centrais  Sindicais do Cone Sul (CCSCS) no dia 9 de maio, em Assunção.
 
 Uma edição especial do jornal Rede Global Bancária, elaborada em  parceria com a Contraf-CUT, está sendo distribuída pelos sindicatos aos  funcionários. A capa é igual em todos os países, com versões em  português e espanhol, e o verso é específico para as demandas de cada  país.
 
 Clique aqui  para ler a edição brasileira do jornal.
 
 Os trabalhadores cobram respeito, diálogo social e valorização no  trabalho, com direito de sindicalização, negociação coletiva, liberdade  de expressão, igualdade de oportunidades e fim das perseguições e  discriminações. É inaceitável a utilização de quaisquer medidas que  afrontem a organização e a mobilização dos trabalhadores e violem normas  da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
 
 "Trata-se de mais uma jornada internacional, que visa fortalecer a  unidade de ação das entidades sindicais nas Américas e reforça a luta  por um acordo marco global, buscando garantir direitos básicos e  fundamentais para os trabalhadores do Santander em todos os países do  mundo", afirma Mário Raia, secretário de Relações Internacionais da  Contraf-CUT.
 
 A mobilização ocorre após o dia internacional de luta contra as práticas  antissindicais, realizado no último dia 23 de maio. Na ocasião, foi  denunciada principalmente a ação judicial movida pelo banco no Brasil  contra entidades sindicais que fizeram protestos no dia da decisão da  Copa Libertadores, em 2011. Novas ações foram ajuizadas posteriormente  para tentar calar a voz dos trabalhadores.
 
 "Houve também manifestações contra a repressão do Santander à  organização sindical dos funcionários do Sovereign Bank nos Estados  Unidos, onde até hoje não há sindicatos de bancários", destaca o  dirigente da Contraf-CUT.
 
 América Latina: 51% do lucro do Santander
 
 O Santander lucrou 2,255 bilhões de euros no primeiro semestre deste  ano, um crescimento de 29% em relação ao mesmo período do ano passado. A  América Latina participou com 51% do lucro mundial: Brasil (25%),  México (12%), Chile (6%) e demais países - Argentina, Uruguai, Peru e  Porto Rico (8%).
 
 O restante veio do Reino Unido (13%), Estados Unidos (12%), Espanha  (8%), Alemanha (5%), Polônia  (5%), Portugal  (1%) e Resto da Europa  (5%). 
 
 "Se a maioria do lucro do banco vem da América Latina, os bancários  daqui não podem continuar sendo tratados como se fossem de segunda  classe", destaca Mário Raia.
 
 Lucros bilionários e corte de empregos no Brasil
 
 O Santander Brasil obteve lucro líquido de R$ 2,929 bilhões no primeiro  semestre de 2013. Apesar disso, o banco seguiu demitindo trabalhadores e  eliminou 2.290 empregos. Nos últimos 12 meses, o corte foi de 3.216  postos de trabalho.
 
 "O corte de vagas não se justifica. Esse modelo de gestão, baseado na  redução de custos, através da rotatividade e da extinção de vagas,  piorou ainda mais as condições de trabalho, sobrecarregando e adoecendo  muitos colegas e prejudicando o atendimento e a fidelização de  clientes", destaca Ademir Wiederkehr, secretário de imprensa da  Contraf-CUT. Não é à toa que o banco liderou pelo quinto mês  consecutivo, em junho, o ranking de reclamações do Banco Central. 
 
 Os bancários reivindicam o fim das demissões e da rotatividade, mediante  a aplicação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho  (OIT) que proíbe dispensas imotivadas. "Cobramos também mais  contratações para acabar com a sobrecarga de trabalho e garantir  atendimento de qualidade aos clientes e à população, bem como a  realocação dos funcionários atingidos por fusões de agências ou extinção  de funções", salienta Ademir. 
 
 Os trabalhadores querem ainda o fim das terceirizações no banco e  defendem igualdade de oportunidades na contratação, na remuneração e na  ascensão profissional, sem quaisquer discriminações.
 
 Milhões para altos executivos no Brasil
 
 Enquanto corta empregos para reduzir custos, o Santander Brasil aprovou  um aumento de 37,5% na previsão da remuneração global anual de 2013 para  o alto escalão do banco na assembleia dos acionistas, realizada em 29  de abril, em São Paulo. Os 46 diretores estatutários ganharão este ano  R$ 364,1 milhões e os 9 membros do Conselho de Administração, R$ 7,7  milhões. Dois acionistas minoritários votaram contra.
 
 Segundo cálculos do Dieese, cada diretor vai receber, em média, R$ 5,6  milhões por ano, o que corresponde a 118,4 vezes o que vai ganhar um  caixa no mesmo período. 
 
 Enquanto isso, os milhares de funcionários possuem salários que estão  entre os menores do sistema financeiro e sem expectativas de carreira,  diante da falta de um Plano de Cargos e Salários (PCS) e das distorções  existentes nos cargos de mesma função. "Trata-se de uma tremenda  injustiça no banco que precisa acabar", enfatiza Ademir.
 
 Melhores condições de trabalho já!
 
 "A situação nas agências está cada vez mais insustentável, diante da  enorme falta de funcionários, das metas abusivas e do assédio moral. Os  bancários estão estressados, muitos tomando remédios tarja preta e  outros já adoeceram no trabalho e estão afastados", destaca Maria  Rosani, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do  Santander.
 
 "O quadro de pessoal das agências está reduzidíssimo. Tem agências  fechando ao meio-dia para o almoço dos funcionários que restaram. Os  funcionários não aguentam mais. Os bancários reivindicam mudança na  gestão do banco", ressalta a dirigente sindical.
 
 Caixas não podem ter metas individuais
 
 Os bancários querem ainda o cumprimento do comunicado interno do banco  sobre as atividades do caixa. No texto, encaminhado aos gerentes gerais e  de atendimento na rede de agências, consta que os caixas "não podem  estar sujeitos ao cumprimento de metas individuais de venda de produtos  bancários. E a avaliação deve ser baseada pelo atendimento".
 
 Para Rosani, "trata-se de um avanço importante, pois a função do caixa  não é vender produtos, mas fazer um atendimento de qualidade aos  clientes e à população". Caso algum caixa continue com metas  individuais, ele deve fazer denúncia ao seu sindicato.
 Os trabalhadores exigem emprego decente e aposentadoria digna. E que o Santander respeite o Brasil e os brasileiros.
Fonte: Contraf-CUT com UNI Américas Finanças e CCSCS

