Redução da Selic para 12% é insuficiente para corrigir erros anteriores do BC
01/09/2011 - Por Bancários CGR
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa  Selic para 12% vai na direção certa, mas em velocidade insuficiente.  Para a Contraf-CUT, a mudança de rumo mostra como estavam equivocadas as  decisões recentes do Banco Central (BC), que promoveu cinco aumentos  consecutivos na taxa básica de juros desde o início do governo Dilma.
 
 "Foram decisões erradas, que custaram caro ao país. O Brasil hoje é a  sétima economia mundial, mas pratica uma taxa de juros altíssima, que  não é condizente com esse patamar", afirma Carlos Cordeiro, presidente  da Contraf-CUT. Mesmo após a baixa, o Brasil mantém o título de campeão  mundial dos juros.
 
 "Os juros altos retiram dinheiro das políticas públicas que combatem a  desigualdade social, contribuindo para que seja mantido nosso triste  posto como o país que apresenta a décima pior distribuição de renda do  mundo. Ao mesmo tempo, engorda os lucros de bancos e rentistas", afirma  Cordeiro. "É preciso uma política mais clara e eficiente de redução dos  juros, para que possamos garantir a continuidade do ciclo de  desenvolvimento social, com criação de emprego e renda, que se iniciou  com o governo Lula", defende.
 
 Cordeiro destaca que cada ponto percentual da Selic representa  aproximadamente R$ 19 bilhões no crescimento da dívida pública. "Esse é  na verdade o maior programa de transferência de renda do mundo, o  `bolsa-banqueiro`, que recebe muito mais dinheiro do que o Bolsa  Família, que tem orçamento previsto de R$ 13,4 bilhões este ano."
 
 Além de reduzir a Selic, Cordeiro cobra do Banco Central ação para  baixar os juros ao consumidor praticados pelos bancos, também entre os  maiores do mundo. "O BC precisa ter coragem de enfrentar o cartel dos  bancos e baixar o spread, para que o sistema financeiro passe a cumprir  com sua função social de disponibilizar crédito para financiar o  desenvolvimento do país", sustenta.
 
 O presidente da Contraf-CUT cobra também a ampliação do Conselho  Monetário Nacional (CNM), responsável pela definição das metas de  inflação a serem perseguidas pelo Banco Central, de modo a incluir a  participação de trabalhadores e outras entidades da sociedade civil  organizada. "Em nossa visão, o BC deveria fixar também metas sociais,  como o aumento do emprego e da renda dos trabalhadores e a redução das  desigualdades sociais do país. Para isso é fundamental aumentar a  representatividade do CMN."
 
 Cordeiro propõe ainda a realização de uma Conferência Nacional sobre o  Sistema Financeiro, a exemplo das conferências já realizadas sobre  saúde, segurança pública e comunicação. "Os bancos estatais e privados  são concessões públicas e, por isso, a sociedade precisa ser ouvida para  discutir o papel do sistema financeiro e o processo de inclusão  bancária, que não pode excluir a população de baixa renda, mas garantir a  universalização dos serviços bancários para todos os brasileiros",  conclui.
Fonte: Contraf-CUT
